Sem financiamento, agência da ONU corta ajuda alimentar de mais dois milhões de afegãos

No total, dez milhões de pessoas no Afeganistão deixaram de ser atendidas neste ano pelo Programa Mundial de Alimentos

O Programa Mundial de Alimentos (PMA), uma agência das Nações Unidas, cortou no início de setembro o fornecimento de comida para mais dois milhões de cidadãos afegãos. No total, dez milhões de pessoas no Afeganistão deixaram de ser atendidas pela entidade neste ano.

Com o financiamento reduzido, o PMA prevê que até o final de outubro não terá mais verba para fazer o atendimento alimentar e financeiro das famílias, que recebem comida e dinheiro em quantidades cada vez menores.

A crise tende a piorar no inverno, que deixará milhões de pessoas isoladas e sem alimento. “Assim que a neve começar, as estradas serão cortadas, e as comunidades, isoladas. Nesta época de escassez, a assistência alimentar do PMA será a única tábua de salvação para muitas famílias afegãs”, diz a agência.

Mães com seus bebês recebem ajuda do Unicef no Afeganistão (Foto: Mark Naftalin/Unicef)
Ascensão do Taleban

A tomada de poder pelo Taleban fez a crise econômica piorar, com a moeda local no nível mais baixo de todos os tempos e os preços dos alimentos em alta. O país não tem perspectiva imediata de gerar riqueza, e a falta de reconhecimento formal por nações estrangeiras levou ao congelamento de bilhões de dólares em fundos mantidos em bancos dos EUA, da Europa e do Oriente Médio.

Enquanto o reconhecimento não vem, o país continua marginalizado da comunidade internacional, que rejeita políticas violentas e autoritárias, como o açoitamento e amputações de membros como punição por crimes e sobretudo a dura repressão imposta às mulheres, impedidas de trabalhar, de estudar e de se integrar efetivamente à sociedade afegã.

A ausência das mulheres do mercado de trabalho contribui bastante para a crise, vez que muitas eram responsáveis pelo sustento da família. Nesse sentido, um golpe particularmente duro foi a ordem de fechamento dos salões de beleza, que eram fonte de renda de milhares de afegãs.

“As pessoas estão sendo empurradas para uma queda livre onde não sabem de onde virá a próxima refeição. Para as mulheres que criam os filhos sozinhas, em muitos casos tendo perdido seus maridos no conflito, é quase impossível sobreviver dadas as restrições que lhes são impostas pelas autoridades de fato”, diz o PMA.

Segundo a agência da ONU, muitas crianças são forçadas a trabalhar para sustentar a casa, mas nem isso basta. Alguns menores conseguem obter meros US$ 0,60 diários vendendo lixo, dinheiro que não basta para alimentar uma família.

Atualmente, o país tem 15,3 milhões de pessoas enfrentando insegurança aguda aguda, o que equivale a um terço da população afegã. Dessa, 2,8 milhões atingiram a insegurança alimentar emergencial. Para amenizar o problema, o PMA lançou um apelo de US$ 1,04 bilhão, que cobrira as necessidades no país entre julho e dezembro de 2023.

A agência da ONU (Organização das Nações Unidas) lançou uma página para doação. Basta clicar aqui.

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