Taleban detém dois jornalistas e restringe presença feminina em rádio no Afeganistão

Detenções se somam a outras ocorridas neste mês e destacam a crescente ameaça à liberdade de imprensa no país

O Taleban segue intensificando a repressão à liberdade de expressão e aos direitos das mulheres no Afeganistão. Dois jornalistas, Attaullah Omar e Waheedur Rahman Afghanmal, foram recentemente presos pelas forças talibãs na província de Kandahar, no domingo (13), enquanto as mulheres foram vetadas em transmissões radiofônicas no sul do país. As informações são da rede Radio Free Europe.

Foram levados sob custódia Attaullah Omar, correspondente da Tolo News, a principal estação de notícias independente da televisão afegã, e Waheedur Rahman Afghanmal, que reporta para o jornal diário Etilat-e Roz.

Essas prisões se somam a uma série de detenções de jornalistas ocorridas em diferentes partes do Afeganistão neste mês, destacando a crescente ameaça à liberdade de imprensa no país.

Jornalista afegã durante transmissão em uma estação de rádio em 2018 (Foto: UNAMA/Fardin Waezi)

Paralelamente, o Ministério da Informação e Cultura do Taleban na província de Helmand, ao sul, emitiu uma ordem que proíbe as estações de rádio locais de transmitirem vozes femininas, inclusive em anúncios. A medida é mais um reflexo alarmante da restrição dos direitos das mulheres e da persistente opressão que continua a ser imposta sob o regime extremista.

Nesta segunda-feira (14), um gerente de uma estação de rádio em Helmand revelou que todas as estações na região receberam um aviso alarmante: qualquer transmissão da voz de uma mulher resultaria no fechamento da estação e em punições para seus proprietários. O gerente, que preferiu não se identificar, compartilhou essas informações com a Radio Azadi.

Em uma declaração publicada no domingo (13), o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) lançou um apelo ao Taleban para que encerrasse sua contínua campanha de sufocar a liberdade de imprensa, ocorrida dois anos após seu retorno ao poder em agosto de 2021.

O coordenador do programa do CPJ para a Ásia, Beh Lih Yi, destacou que o agravamento da repressão midiática está contribuindo para isolar ainda mais o Afeganistão do cenário global, numa conjuntura em que o país enfrenta uma das maiores crises humanitárias do mundo.

Apesar das promessas de garantir a liberdade de imprensa desde seu retorno ao poder, a organização extremista, que assumiu o poder central há dois anos, tem fechado estações de rádio independentes, estúdios de televisão e jornais. Muitos veículos de mídia tiveram que encerrar as atividades devido à perda de financiamento.

Além disso, o governo linha-dura do grupo islâmico ultraconservador proibiu certas emissoras internacionais e recusou vistos para alguns correspondentes estrangeiros. Essa ação enérgica resultou no exílio de centenas de jornalistas afegãos.

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