Turquia diz que ‘neutralizou’ seis ‘terroristas’ curdos no norte da Síria

Alvo da ação foi a milícia YPG, que está inserida na guerra civil e que Ancara considera um grupo terrorista

O governo da Turquia, através do Ministério da Defesa, anunciou nesta sexta-feira (26) que uma ação de suas forças de segurança no norte da Síria “neutralizou” seis combatentes ligados à YPG (Unidade de Proteção do Povo), uma milícia inserida na guerra civil síria e que Ancara considera um grupo terrorista. As informações são da agência estatal Anadolu.

Ao usar a palavra “neutralizar”, o ministério não deixa claro quantos dos “terroristas” foram mortos, vez que a expressão é frequentemente adotada também para o caso de indivíduos que se rendem às forças turcas. A ação é parte da operação “Escudo de Eufrates” de combate ao terrorismo.

Em julho, Ancara anunciou planos de realizar uma grande operação militar no norte da Síria, justamente sob o argumento de “neutralizar terroristas”. No entanto, em cúpula realizada no mês passado, Irã e Rússia vetaram a nova ofensiva, o que levou o governo da Turquia a investir em ações isoladas.

A YPG é considerada um braço armado na Síria do PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos), que por sua vez luta pela autonomia curda na Turquia e é classificado pelo governo do presidente Recep Tayyip Erdogan como grupo terrorista.

Combatente do PKK em agosto de 2015 (Foto: Divulgação/ Kurdishstruggle)
Por que isso importa?

A Turquia é parte interessada e ativa na guerra civil da Síria, que já dura mais de 11 anos. O conflito opõe Rússia e Irã, aliados do presidente Bashar Al-Assad, a Ancara, que apoia os rebeldes do Exército Livre da Síria (ELS) na luta contra o governo. Em um terreno obscuro no meio surgem as  Forças Democráticas Sírias (FDS), cujo principal inimigo é o Estado Islâmico (EI), o que garante à milícia o suporte dos EUA.

Ancara considera a aliança EUA-FDS um problema, porque classifica a YPG, que por sua vez é ligada às FDS, como organização terrorista.

Segundo o ministro da Defesa turco Hulusi Akarem, em 35 anos, a “campanha de terror” da milícia curda já matou mais de 40 mil militares e civis, inclusive mulheres, crianças e bebês. O objetivo do governo é “exterminar o grupo”, disse ele.

Na guerra civil, a oposição apoiada pelos turcos e por líderes ocidentais exige a queda de Assad, a quem acusa de crimes contra a humanidade. Apoiadores de Assad, por outro lado, criticam o que consideram uma interferência de Washington com o intuito de derrubar o presidente.

Após sofrer duras perdas no início do conflito, Assad conseguiu reconquistar território graças à ajuda de seus aliados. A última região com forte presença da oposição armada inclui áreas da província de Idlib e partes das províncias vizinhas de Aleppo, Hama e Latakia.

Em 2020 foi estabelecida uma trégua intermediada por Rússia e Turquia. Ela inclui os rebeldes e as forças do governo, enquanto grupos extremistas como o EI não fazem parte do pacto.

Apesar da trégua, ataques esporádicos continuam a ocorrer, inclusive com operações militares aéreas lideradas por Moscou. Nesse período, Ancara conseguiu consolidar sua influência no norte da Síria, o que ajudou a evitar uma nova etapa de combates e controlou o fluxo de refugiados.

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