União Europeia diz que um de seus funcionários está há mais de 500 dias preso no Irã

Johan Floderus, que trabalha no corpo diplomático do bloco, foi preso durante uma viagem de turismo e é acusado de 'espionagem'

Johan Floderus, um sueco de 33 anos que trabalha no corpo diplomático da União Europeia (UE), está há mais de 500 dias preso no Irã. A revelação foi feita na segunda-feira (4) pelo bloco de países e pelo governo da Suécia, que desde a detenção mantinham o caso sob sigilo. As informações são do jornal The New York Times.

A detenção aparentemente segue um arbitrário padrão do Irã, que mantém vários estrangeiros presos sob acusações espúrias. Ativistas de direitos humanos acusam Teerã de agir dessa maneira para usar os detidos como moeda de troca com o Ocidente, na tentativa de obter concessões de países que impuseram sanções econômicas ou de realizar trocas de prisioneiros.

A bandeira da União Europeia no Parlamento Europeu, Bruxelas, junho de 2013 (Foto: EU/Pietro Naj-Oleari)

Em agosto, por exemplo, o governo dos Estados Unidos concordou em liberar US$ 6 bilhões em receitas petrolíferas retidas do governo do Irã em troca de cinco norte-americanos detidos. Washington ainda se comprometeu a libertar prisioneiros iranianos.

O que chama a atenção no caso de Floderus é fato de se tratar de um funcionário da UE. Porém, ele teria viajado ao Irã em 2022 a turismo, junto com um grupo de amigos, e foi detido no aeroporto de Teerã quando se preparava para deixar o país, em 17 de abril, acusado de “espionagem”.

Aquela não foi a primeira viagem do sueco ao Irã, onde já havia estado uma vez anteriormente, então a serviço da UE. Ex-assessor da comissária europeia para a migração, Ylva Johansson, ele desde 2021 ocupa um cargo no corpo diplomático do bloco europeu.

Estocolmo, embora confirme a prisão de “um homem na casa dos 30 anos”, não deu maiores detalhes e sequer confirmou a identidade de Floderus. “Entendemos que há interesse neste assunto, mas na nossa avaliação complicaria o tratamento do caso se o Ministério discutisse publicamente as suas ações”, disse o Ministério das Relações Exteriores em comunicado.

A UE, por sua vez, foi mais incisiva. “Este caso também deve ser visto no contexto do número crescente de detenções arbitrárias envolvendo cidadãos da UE”, disse Nabila Massrali, porta-voz da Comissão Europeia. “Aproveitamos e continuaremos a aproveitar todas as oportunidades para levantar a questão junto das autoridades iranianas e obter a libertação de todos os cidadãos da UE detidos arbitrariamente.”

Já a família da vítima disse estar “profundamente preocupada e desesperada”, confirmando que a detenção ocorreu há mais de 500 dias. “Sabemos que muitos estão trabalhando duro para libertá-lo e somos gratos por isso. Ao mesmo tempo, cada dia é uma grande provação, para nós e sobretudo para Johan. Ele deve ser libertado e autorizado a voltar para casa imediatamente”, disseram os familiares.

As relações entre Suécia e Irã passam por um momento ruim. Estocolmo recentemente condenou um alto funcionário iraniano, Hamid Noury, à prisão perpétua por crimes de guerra. Ele foi julgado com base no conceito de jurisdição universal, que permite levar ao tribunal cidadãos estrangeiros por crimes graves cometidos em qualquer nação, como genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade.

O Irã, por sua vez, recentemente executou um cidadão sueco-iraniano, o dissidente Habib Chaab, que vivia na Suécia há mais de uma década. Ele foi sequestrado por agentes iranianos durante uma visita à Turquia em 2020 e levado a Teerã, onde foi julgado, condenado e morto.

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