Após 15 anos, assassinato de ex-agente russo em Londres vira ópera

Alexander Litvinenko foi envenenado por dois agentes russos e morreu no dia 23 de novembro de 2006

O assassinato do ex-agente russo Alexander Litvinenko, ocorrido em novembro de 2006, em Londres, se transformou em uma ópera. The Life & Death of Alexander Litvinenko (Vida e Morte de Alexander Litvinenko, em tradução literal), de Anthony Bolton, estreia para o público nesta quinta-feira (15), no Grange Park Opera, em Surrey, no sudeste da Inglaterra.

Litvinenko era agente da FSB (Agência de Segurança Federal, da sigla em inglês), herdeira da antiga KGB dos tempos de União Soviética. Ele foi expulso por Vladimir Putin após acusar Moscou de mandar matar o empresário russo Boris Berezovsky, de quem se tornou amigo. A ópera conta que foi Berezovsky quem ajudou o ex-agente e a mulher dele, Marina, a fugirem para a Inglaterra em 2006. Ele, então, se naturalizou britânico.

Alexander Litvinenko foi enterrado no Cemitério Highgate, em Londres (Foto: Flickr)

O espetáculo sugere, ainda, que Litvinenko passou a questionar o governo russo após uma missão na Chechênia. “As tropas russas mal vestidas têm equipamento inadequado, enquanto os generais russos se mostram ineficazes e ficam bêbados a maior parte do tempo. Tendo visto a sinceridade dos jovens combatentes chechenos, Sasha (diminutivo de Alexander) retorna a Moscou como um homem mudado”, diz a sinopse oficial.

Já em Londres, no dia 1º de novembro de 2006, Litvinenko adoeceu repentinamente e foi internado. Os exames posteriormente apontaram envenenamento por polônio, um elemento radioativo altamente tóxico. Ele morreu no dia 23 daquele mesmo mês, e o corpo foi sepultado no Cemitério Highgate, em Londres.

Embora as investigações nunca tenham confirmado o envolvimento de Moscou no assassinato, um inquérito de 2015 indica que o envenenamento foi obra de dois agentes russos, Andrey Lugovoy e Dmitry Kovtun. O próprio Litvinenko, embora bastante debilitado, ajudou a Scotland Yard a associar o polônio usado no crime a Lugovoy, antigo colega de FSB.

A obra sugere, inclusive, o momento exato em que o ex-agente foi envenenado. “Com o pretexto de assistir a uma partida de futebol, Lugovoy chega a Londres. Ele se encontra com Sasha e oferece a ele chá misturado com polônio. Sasha recusa a princípio, mas, baixando a guarda, ele bebe. Naquela noite, ele se sente mal”.

Anthony Bolton, que compôs a ópera, é um proeminente investidor britânico que trocou o mundo das finanças pelo da arte. A obra começou a ser composta em 2014, depois que o autor leu a biografia de Litvinenko. “Quando coloquei [o livro] de lado, pensei: ‘Nossa, isso tem que ser uma ópera'”, disse ele à rede France 24. “Espero ter escrito algo que possa ter longevidade e manter a história viva a longo prazo. Essa é uma das coisas que a ópera pode fazer”.

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