Comitê da ONU discute ameaça do uso de novas tecnologias para fins terroristas

Reunião se concentrará em três áreas: internet e mídia social, financiamento do terrorismo e sistemas aéreos não-tripulados

Pela primeira vez desde 2015, o Comitê de Combate ao Terrorismo (Cted) do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) realizará uma reunião especial fora da sede em Nova York. Os representantes do órgão se encontrarão em Mumbai e Nova Délhi, na Índia, nos dias 28 e 29 de outubro, para debater o uso de tecnologias novas e emergentes para fins terroristas.

A reunião especial se concentrará em três áreas: internet e mídia social, financiamento do terrorismo e sistemas aéreos não-tripulados, que incluem os drones.

Essas novas tecnologias estão passando por um rápido desenvolvimento e em uso crescente pelos governos, inclusive para fins de segurança, mas também vêm sendo utilizadas para fins terroristas.

A Índia está atualmente liderando o Comitê de Combate ao Terrorismo, com mandato até o final deste ano. A chefe do grupo é a embaixadora indiana na ONU, Ruchira Kamboj.

Ao lado da coordenadora em Tecnologia da Informação, Jennifer Bramlett, e do diretor do Ramo de Perícia Técnica e Pesquisa da Diretoria Executiva do Cted, Daniel Scharia, ela falou a jornalistas no começo de outubro sobre a agenda do evento e os resultados ansiados.

Ruchira Kamboj explica que a reunião “trará uma riqueza de conhecimento e experiência do mundo real sobre o assunto com a participação dos Estados-membros, parceiros operacionais relevantes e principais partes interessadas”.

Drone com câmera (Foto: stockvault.net)
Acesso a drones

Com a crescente questão do uso de drones, a coordenadora de Tecnologias da Informação do Comitê disse que os Estados-Membros já estão tomando medidas e debatendo o acesso a aparelhos sofisticados, que podem ser utilizados para fins ilegais.

Jennifer Bramlett explicou que drones não podem voar em torno de aeroportos e infraestruturas críticas e as fabricantes também tomaram medidas para construir mecanismos de bloqueio geográfico para que, se os drones forem encontrados voando em determinados lugares, eles pudessem ser desativados automaticamente.

Segundo a coordenadora, há “várias discussões” sobre como os drones são vendidos “e quem pode comprá-los”.

Pela complexidade gerada pelo tema, além da constante mudança, a expectativa é a de que os membros cheguem a um documento final que deve fornecer uma visão geral sobre a implementação de desenvolvimentos tecnológicos para prevenir e combater narrativas e atos terroristas, bem como levar os atores à justiça.

Os Estados-Membros devem trazer atualizações sobre desenvolvimentos recentes e pesquisas sobre ameaças e compartilhar boas práticas que sigam a lei internacional de direitos humanos.

Ações conjuntas com a indústria, parcerias público-privadas e respostas legislativas, políticas e regulatórias também serão debatidas.

Comitê de Combate ao Terrorismo

O Comitê de Combate ao Terrorismo foi criado em 2001, após os ataques de 11 de setembro às torres gêmeas em Nova York, nos Estados Unidos. Até o momento, o Conselho de Segurança já adotou 15 resoluções contra o terrorismo.

O Comitê tem a tarefa de monitorar a implementação pelos Estados-Membros de uma série de medidas destinadas a aumentar sua capacidade legal e institucional para combater atividades terroristas em seu território, regiões e em todo o mundo.

Ainda durante a entrevista, a líder do Comitê lembrou que “qualquer ato de terrorismo é injustificável, independentemente da motivação”.

A embaixadora Ruchira Kamboj também afirmou que o evento acontece no Taj Mahal Palace em Mumbai, hotel que sofreu com ataques terroristas em 2008, e será uma forma de prestar homenagem às vítimas. Ela adicionou que a questão do terrorismo é “transnacional” e por isso precisa de esforço conjunto dos países para agir.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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