“Mundo está à beira de conflito global”, diz presidente de Belarus

Durante reunião da CSTO em Minsk, Lukashenko argumentou que as sanções foram usadas como ferramenta para dividir os países da aliança militar da Eurásia

Nesta quinta-feira (18), o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, afirmou que a expansão da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) trouxe o mundo perigosamente próximo a um conflito global. As informações são da agência de notícias estatal russa Tass.

A fala do autoritário líder ocorreu durante uma reunião em Minsk da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO, da sigla em inglês), uma aliança militar intergovernamental da Eurásia, na qual Lukashenko expressou críticas à adesão da Finlândia à aliança militar e à candidatura da Suécia para se juntar a ela.

“Tais ações colocam o mundo no limite muito perigoso de um conflito global. Apesar do rápido declínio nos padrões de vida e da deterioração das perspectivas econômicas nos países europeus, o Ocidente está aumentando as tensões internacionais e admite abertamente que está se preparando para a guerra”, disse ele.

Alexander Lukashenko, presidente de Belarus (Foto: reprodução/twitter.com/MOD_BY)

Além disso, o “último ditador da Europa” fez críticas à Organização para a Cooperação e Segurança na Europa (OSCE), afirmando que tanto ela quanto a ONU (Organização das Nações Unidas) estão se tornando instrumentos de confronto e pressão.

Ele ainda instou os países membros do CSTO se unirem diante das ameaças e desafios, a fim de proteger a soberania e a independência de todas as nações envolvidas.

Lukashenko ressaltou que as sanções estão sendo utilizadas como uma estratégia para dividir os países membros do CSTO e os exortou a não se deixarem enganar por esses artifícios.

O CSTO foi estabelecido em 2002 e tem como objetivo principal promover a cooperação militar, a segurança regional e a defesa coletiva entre seus membros, que são além de Belarus, Rússia, Armênia, Cazaquistão, Quirguistão e Tajiquistão.

Por que isso importa?

Belarus testemunha uma crise de direitos humanos sem precedentes, com fortes indícios de desaparecimentos, tortura e maus-tratos como forma de intimidação e assédio contra seus cidadãos. Dezenas de milhares de opositores ao regime de Lukashenko, no poder desde 1994, foram presos ou forçados ao exílio desde as controversas eleições no ano passado.

O presidente, chamado de “último ditador da Europa”, parece não se incomodar com a imagem autoritária, mesmo em meio a protestos populares e desconfiança crescente após a reeleição de 2020, marcada por fortes indícios de fraude. A porta-voz do presidente, Natalya Eismont, chegou a afirmar em 2019, na televisão estatal, que a “ditadura é a marca” do governo de Belarus.

Desde que os protestos começaram, após o controverso pleito, as autoridades do país têm sufocado ONGs e a mídia independente, parte de uma repressão brutal contra cidadãos que contestam os resultados oficiais da votação. Ativistas de direitos humanos dizem que centenas de pessoas são atualmente prisioneiros políticos no país.

O desgaste com o atual governo, que já se prolonga há anos, acentuou-se em 2020 devido à forma como ele lidou com a pandemia, que chegou a chamar de “psicose”. Em determinado momento, o presidente recomendou “vodka e sauna” para tratar a doença.

O distanciamento entre o país e o Ocidente aumentou com a guerra na Ucrânia, vez que Belarus é aliado da Rússia e permitiu que tropas de Moscou usassem o território belarusso para realizar a invasão.

Além desses países, o CSTO possui também alguns membros observadores e parceiros de diálogo. Os membros observadores incluem Afeganistão e Sérvia, enquanto os parceiros de diálogo são Egito, Irã e Paquistão.

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