Soldado norte-americano que fugiu para a Coreia do Norte é acusado de deserção e pedofilia

Travis King enfrenta acusações de abandono de cargo, agressões a colegas e envolvimento com pornografia infantil

Travis King, um soldado norte-americano que foi detido em julho após cruzar intencionalmente e sem autorização a fronteira em direção à Coreia do Norte, agora está sob custódia das forças armadas dos Estados Unidos, disseram autoridades na quinta-feira (19). São oito acusações contra ele, que incluem deserção e posse de material de pedofilia, informou a agência Associated Press.

Uma das imputações contra King alega que, nos dias que antecederam sua travessia pela Área de Segurança Conjunta, um vilarejo na fronteira das duas Coreias, ele teria solicitado imagens de nudez de um menor de idade através da rede social Snapchat e possuía um vídeo envolvendo um menor em atividade sexual.

Além disso, as acusações afirmam que o soldado de 23 anos demonstrou insubordinação em relação aos seus superiores em outubro de 2022, período durante o qual enfrentou problemas legais em Seul, incluindo supostos ataques a moradores locais e vandalismo a um carro da polícia. Outra acusação envolve agressão a um policial e informações falsas dadas a seus superiores.

Travis King tinha histórico de indisciplina nas forças armadas (Foto: arquivo pessoal/reprodução)

King tinha vasto histórico de indisciplina. Em 2021, ele foi preso por 47 dias em um centro de detenção sul-coreano após uma suposta briga em uma boate.

Claudine Gates, mãe de King, declarou em um comunicado que “ama seu filho de forma incondicional” e está “muito preocupada com sua saúde mental”. Ela pede que seu filho seja tratado como inocente até que sua culpa seja provada.

Ainda existem incertezas sobre como e por que King foi para a Coreia do Norte.

Enquanto King estava fora, os líderes do exército não o consideraram um desertor, o que é considerada uma infração séria. Isso ocorre porque, ao rotulá-lo como desertor, as Forças Armadas teriam que concluir que ele saiu com a intenção de ficar permanentemente afastado. Em tempos de guerra, a deserção pode resultar em pena de morte.

Os membros do exército podem ficar ausentes por alguns dias, mas podem retornar voluntariamente. A punição pode incluir prisão, perda de pagamento ou dispensa desonrosa, dependendo do tempo de ausência e se o soldado foi detido ou voltou por vontade própria.

Caso teve repercussão global e envolveu China

O repatriamento de Travis ocorreu após dois meses sob custódia. Ele foi expulso da Coreia do Norte em setembro, apesar de algumas expectativas de que a fechada nação poderia mantê-lo detido como uma moeda de troca em um momento de tensões elevadas com os Estados Unidos. A transferência foi possível graças à colaboração entre a Suécia, uma aliada de Washington, e a China, que é considerada uma rival. 

Funcionários do governo sueco escoltaram King até a fronteira com a China, onde ele foi recebido pelo embaixador dos Estados Unidos Nicholas Burns, juntamente com o embaixador sueco e por pelo menos um funcionário do Departamento de Defesa dos EUA. O governo Biden enfatizou que não cedeu a nenhuma demanda da Coreia do Norte para garantir a libertação do soldado.

O caso de King ganhou repercussão mundial em julho, quando ele, durante uma visita a Linha de Demarcação Militar em Panmunjom junto de um grupo de turismo civil, cruzou a fronteira.

Uma testemunha que fazia parte do mesmo grupo de excursão relatou à CBS News que, logo após os turistas visitarem um dos prédios no local, o homem em questão soltou uma gargalhada e correu entre alguns edifícios, desaparecendo em seguida.

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