Mudanças climáticas ameaçam saúde de comunidades vulneráveis, alerta OMM

Relatório destaca que crise do clima impacta afeta desde comportamentos sociais até qualidade do ar e segurança alimentar

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

Em meio a eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes e recordes de temperatura, a saúde humana, particularmente nas comunidades mais vulneráveis, está cada vez mais ameaçada. É o que alerta um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Segundo a representante do Escritório Conjunto OMM-OMS sobre Clima e Saúde, Joy Shumake-Guillemot, os impactos das mudanças climáticas na saúde são amplos, afetando ainda comportamentos sociais, segurança da água, qualidade do ar e segurança alimentar.

Ela destacou que os países de baixa e média rendas estão sendo “impactados fortemente” e adiciona que os impactos do calor extremo são bastante graves, com até meio milhão de pessoas sofrendo mortalidade excessiva relacionada ao calor extremo em todo o mundo.

África é altamente vulnerável aos impactos da mudança climática e do clima extremo (Foto: FAO/Luis Tato)

Entre 2000 e 2019, as mortes estimadas devido ao calor foram aproximadamente 489 mil por ano, com uma carga especialmente alta na Ásia, respondendo por 45% dos casos, e na Europa, com 36% das vítimas.

Sobre os desastres, o número de eventos de médio ou grande porte está previsto para atingir 560 por ano, ou 1,5 por dia, até 2030.  Em países com cobertura limitada de alerta precoce, a mortalidade por desastres é oito vezes maior do que em países com cobertura substancial ou abrangente.

Insegurança alimentar

O estudo também reforça que as mudanças climáticas estão exacerbando os riscos de insegurança alimentar. Segundo o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, no Chifre da África, nos últimos três anos, a situação tem sido grave e relacionada ao calor e à seca.

Ele adiciona que, com frequência, nesses episódios de ondas de calor, a qualidade do ar também é ruim. Por exemplo, em 2003, ano com 75 mil vítimas na Europa, as concentrações de ozônio na superfície eram muito altas.

Segundo o relatório, a poluição do ar já é responsável por cerca de sete milhões de mortes prematuras a cada ano.

Para a diretora do Departamento de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da OMS, Maria Neira, a solução seria interromper a causa do problema, ou seja, a queima de combustíveis fósseis. Assim, as emissões e a poluição seriam reduzidas.

Doenças pela qualidade do ar

Ela acrescentou que “estamos criando condições para mais doenças não transmissíveis, como câncer de pulmão e infecções respiratórias crônicas, devido à má qualidade do ar que respiramos.”

Segundo Maria Neira, existem não apenas “consequências imediatas devido ao desastre, mas também deslocamento em massa”. 

A transmissão de muitas doenças sensíveis ao clima, como doenças vetoriais, transmitidas por alimentos e água, também está aumentando. 

A dengue é a doença vetorial de disseminação mais rápida do mundo, enquanto a temporada de transmissão da malária aumentou em partes do mundo.

Com os eventos climáticos extremos e aquecimento global, ficará mais difícil acessar serviços de água, aumentando também a incidência de doenças transmitidas pela água, alerta a representante da OMS lembrando do recente aumento nos surtos de cólera.

Tags: