A África perde, todos os anos, cerca de US$ 89 bilhões – o equivalente a mais de R$ 461 bilhões – em fluxos financeiros ilícitos, aponta estimativa apresentada pela conselheira da África na Organização das Nações Unidas (ONU), Cristina Duarte.
“São fluxos que pura e simplesmente nos escapam”, disse. Segundo Duarte, os recursos saem da África sob forma de superfaturamento e subfaturamento comercial, evasão fiscal, corrupção e lavagem de dinheiro.
A recente instabilidade causada por atividades terroristas também passaram a resgatar uma grande quantia de recursos ilícitos do continente. A África vive um aumento da violência de grupos extremistas desde o início da pandemia, apontam relatórios.

Os casos mais notórios são em Moçambique, que teve a província de Cabo Delgado, ao norte do país, tomada por militantes do Estado Islâmico. Os extremistas têm âncora no grupo paramilitar local Ahulu Sunnah Wa-Jama.
A raiz dos conflitos
Duarte explica que a ONU auxilia uma reformulação das estratégias para a próxima década. Controlar fluxos financeiros ilegais figura no topo do lista de prioridades.
“É necessário entendermos as causas e raízes da instabilidade da África. Enquanto as causas do problema não forem incluídas na equação, dificilmente iremos resolvê-lo”, apontou.
As situações mais delicadas se concentram na região do Sahel, na República Democrática do Congo e na Etiópia – além de Moçambique. “Temos muitas instituições fracas na África. As lideranças são essenciais neste sentido, para quebrar ciclos de corrupção e permitir o início de um novo caminho”, explica Duarte.