África registra aumento de quase 50% nas mortes causadas por grupos extremistas

Somália e o Sahel africano são os principais palcos da violência jihadista, respondendo por 80% das mortes no continente

As mortes causadas pela ação de grupos extremistas aumentaram quase 50% nos últimos 12 meses na África, atingindo números historicamente elevados. A situação é particularmente preocupante na Somália e no Sahel, segundo estudo realizado pelo think tank Centro Africano de Estudos Estratégicos, dos EUA.

“As mortes ligadas a grupos militantes islâmicos chegaram a 22.288 nos últimos 12 meses. Isso representa um aumento de 48% em relação ao ano anterior, que registrou 15.024 mortes”, diz o estudo, referindo-se a dados de todo o continente africano.

Antes, o recorde era de 20.562 mortes registradas em 2015, período de maior atividade do Boko Haram, grupo ligado à Al-Qaeda baseado na Nigéria e tido como um dos mais violentos de todo o mundo.

Abubakar Shekau, ex-líder do Boko Haram (centro): símbolo da violência jihadista na África (Foto: Reprodução/Defense Post)

A Somália, onde atua o Al-Shabaab, igualmente filiado à Al-Qaeda, e o sahel africano são o epicentro da violência no continente africano, respondendo por 80% das mortes citadas pelo documento.

No caso do Sahel, os principais palcos da violência são Burkina Faso e Mali, países que vivem uma insurgência islâmica que acompanha a tensão política, com as duas nações tendo registrado golpes militares recentes.

“Os picos de violência observados coincidem com os golpes militares nesses países”, diz o think tank, citando como consequência o fim das parceiras de Mali e Burkina Faso com governos estrangeiros e com a ONU (Organização das Nações Unidas).

O Mali, por exemplo, expulsou os soldados de paz da Minusma, a missão de paz das Nações Unidas no país. As tropas francesas também foram obrigadas a ir embora, enquanto o governo maliano “convidava as forças paramilitares russas do Wagner Group, que foram acusadas de abusos generalizados dos direitos humanos.”

Em Burkina Faso, as forças armadas da França foram igualmente expulsas em janeiro deste ano, em meio a um processo que também viu jornalistas franceses indo embora após denunciarem abusos do governo central. Como no Mali, o Wagner Group surgiu como principal vitorioso, tornando-se o parceiro central das forças armadas burquinenses na luta contra os insurgentes.

No caso da Somália, o aumento de mortes é ainda mais chocante na comparação com o período anterior: 157%. Foram 7.937 mortes ligadas a ataques terroristas nos últimos 12 meses, superando em muito o recorde anterior, de 5.224 mortes em 2018.

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