Um ataque orquestrado por jihadistas matou 69 pessoas, incluindo uma autoridade política, no Níger, na noite de terça-feira (3). É a mais recente de uma série de ações violentas no turbulento território localizado na tríplice fronteira com Mali e Burkina Faso, reduto de grupos ligados ao Estado Islâmico no Grande Saara (EIGS) e à Al-Qaeda. As vítimas do atentado são, na maioria, integrantes de uma milícia de defesa anti-extremista, segundo a agência catari Al Jazeera.
O atentado ocorreu em Adab-Dab, uma vila a cerca de 55 quilômetros de Banibangou, na região oeste de Tillaberi. O governo do Níger declarou luto nacional de dois nesta quinta-feira (4).
Integrantes armados do EIGS, pilotando motocicletas, armaram uma emboscada para um comboio onde estava uma liderança política da cidade. “Ao todo, há cerca de 60 mortos, nove desaparecidos e 15 desaparecidos. O prefeito de Banibangou está entre os mortos e seu corpo foi recuperado”, disse um parlamentar na área oeste de Tillaberi, antes da atualização do número de mortos, que chegou a 69.
Uma fonte local detalhou à reportagem que o ataque tinha como alvo a força de defesa local que combate organizações extremistas, chamada de Comitê de Vigilância, chefiada pelo prefeito do distrito de Banibangou, que acabou morto. A milícia foi recentemente organizada pela população local como resposta a uma série de ataques a trabalhadores agrícolas.
Por que isso importa?
Tillaberi é considerada o novo epicentro da onda jihadista que tomou o Sahel Central. A violência aprofunda os desafios de segurança enfrentados pelo novo presidente do Níger, Mohamed Bazoum, eleito no final de fevereiro.
Bazoum ocupa o lugar de Mahamadou Issoufou, que esteve à frente do país desde 2011 e deixou o poder após dois mandatos, na primeira transição presidencial pacífica do país desde a independência da França, em 1960.
O país mais pobre do mundo, conforme classificação da ONU (Organização das Nações Unidas), ainda luta contra o alastramento do Boko Haram, da Nigéria, que avança sobre o sudeste do país.
No Brasil
Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.
Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.
Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.