Migrantes são vítimas de abusos na Líbia, com registro de ao menos cinco mortes

Desde o começo do mês, ocorreram ao menos dois incidentes violentos no país, inclusive com mortes em virtude de disparos contra migrantes em fuga

O Escritório de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) chamou a atenção, nesta quarta-feira (13), para os inúmeros casos de migrantes vulneráveis que são vítimas de abusos diversos por parte do governo e de representantes não-estatais na Líbia. Desde o começo do mês, ocorreram dois incidentes violentos, com a morte de ao menos cinco pessoas.

No dia 1º de outubro, em uma ação liderada pelo Ministro do Interior num acampamento informal próximo a Tripoli, homens, mulheres e crianças foram presos, incluindo civis já registrados na Acnur, a agência da ONU para refugiados. Os detidos foram encaminhadas a um centro de detenção com celas superlotadas e pouco acesso à água e à comida.

Segundo a porta-voz do Escritório, Marta Hurtado, as forças de segurança chegaram a bater nas pessoas que tentavam escapar e também dispararam contra os migrantes. Pelo menos um pessoa morreu, cinco ficaram feridas e mais de 4 mil foram detidas. 

Migrantes resgatados pela Guarda Costeira da Líbia em 2008 (Foto: UN Photo/IOM)

Já no dia 6 de outubro, 500 migrantes conseguiram escapar e foram seguidos por guardas que acabaram disparando vários tiros, matando pelo menos quatro pessoas. Posteriormente, o governo líbio reconheceu que as operações poderiam ter sido conduzidas de maneira diferente.

Também há casos de pessoas expulsas do país e enviadas para nações da África Subsaariana, em operações que o governo classifica como “combate ao crime”. O órgão da ONU, porém, destaca que o combate ao crime compreende “prender os traficantes [de pessoas], não os migrantes, que geralmente são também vítimas desses traficantes”. 

Crianças em risco

Para Marta Hurtado, “essa série de eventos terríveis num período de apenas oito dias é apenas o último exemplo da situação precária e por vezes fatal enfrentada por migrantes e requerentes de asilo na Líbia”. 

O Escritório de Direitos Humanos da Líbia apelou às autoridades do país para que libertem todos os migrantes detidos e acabem com as operações nos assentamentos. 

O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) também alertou para o caso de mil mulheres e crianças que estão em centros de detenção em Tripoli. O grupo, que inclui cinco menores desacompanhados e 30 bebês, vive em condições desumanas, e os meninos foram incorretamente colocados em celas junto de homens adultos. 

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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