A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental — Ecowas, em inglês — pediu para que o Mali refaça as contestadas eleições locais e convoque um governo depois que protestos anti-governo tomaram a capital Bamako.
De acordo com a agência de notícias Reuters, milhares de pessoas foram às ruas na última sexta (19) pedir a saída do presidente Ibrahim Boubacar Keita do cargo.
Eleito para um segundo mandato de cinco anos em 2018, Keita enfrenta uma crise de segurança, greve de professores e a pandemia do novo coronavírus.
Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgados nesta segunda (22), o Mali já registrou 1,9 mil casos confirmados da doença e 111 mortes.
As tensões políticas aumentaram no país após as eleições disputadas em março. O pleito teve baixa participação porque a população teme ataques de grupos jihadistas que atuam no deserto do norte do país.
Houve ainda acusações de compra de votos e intimidação, além do sequestro do líder da oposição, Soumaïla Cissé, por jihadistas.
Apelo da ONU
O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo no último sábado (20) pelo fim dos protestos em Bamako.
Guterres “pede a todos os líderes políticos que enviem mensagens claras aos seus apoiadores para exerçam a máxima contenção e se abstenham de qualquer ação que possa alimentar tensões”, afirmou por meio de um comunicado.
O secretário-geral disse ainda que a ONU (Organização das Nações Unidas) continuará apoiando o Mali enquanto a paz e a democracia não se consolidam no país. Uma missão das Nações Unidas atua no território desde 2013.
Desde então, 130 homens e mulheres que atuam na missão já morreram, o que torna o Mali o lugar mais perigoso para se atuar como peacekeeper da ONU.
A União Africana também manifestou “preocupação” com a situação malinesa, por meio do presidente da Comissão da UA, o chadiano Moussa Faki Mahamat.
Em comunicado, Mahamat “exorta as partes a trabalhar em busca de encontrar soluções consensuais” para resolver o impasse no país.