Governo da Líbia chama ameaça militar do Egito de “declaração de guerra”

Presidente do Egito afirmou que, se avanço à cidade de Sirte continuar, Cairo pode intervir diretamente na Líbia

O governo da Líbia reconhecido internacionalmente caracterizou como “declaração de guerra” o aviso de intervenção militar do Egito no país. A informação é da Al-Jazeera.

No último sábado (20), o presidente egípcio, Abdel Fattah el-Sisi, advertiu que, se as forças do governo avançassem na cidade de Sirte, poderia provocar uma intervenção direta do Cairo.

Por ser um ponto de acesso aos campos petrolíferos líbios, a cidade é considerada como estratégica na disputa entre o governo reconhecido internacionalmente e o Exército Nacional Líbio, rebelde, comandado pelo militar Khalifa Haftar.

Leal a Muammar Gaddafi, ex-ditador morto em 2011, o militar conta com o apoio do Egito, Rússia e Emirados Árabes Unidos.

El-Sisi ordenou que o exército egípcio estivesse pronto para realizar missões dentro ou fora do país. O objetivo seria “proteger sua segurança nacional” em meio às tensões sobre a intervenção da Turquia na Líbia.

As intervenções turcas, desde o início de junho, permitiram que as forças do governo reconhecido internacionalmente assumisse o controle do noroeste do país. Assim, pôs um fim na tentativa de controle da capital Trípoli por Haftar.

A declaração egípcia ocorre às vésperas de uma reunião virtual de ministros das Relações Exteriores da Liga Árabe sobre a Líbia. O governo líbio se recusou a participar, por rejeitar “iniciativas unilaterais ou extrajudiciais”.

A Líbia vive conflito desde 2011, após a queda do líder Muammar Gaddafi, apoiada pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Governo da Líbia chama ameaça militar do Egito de declaração de guerra
Tanques destruídos pelo conflito na cidade de Misrata, na Líbia (Foto: Wikimedia Commons)

Venda de armas

No último dia 16, a ONG Human Rights Watch fez um apelo para que a Itália não venda armas ao Egito no valor de € 11 bilhões. O ministro das Relações Exteriores italiano, Luigi di Maio, afirmou que o negócio ainda não havia sido finalizado.

Para a organização, o negócio não deveria ter sido considerado, dada as graves violações de direitos humanos no Egito.

Em 2013, a União Europeia prometeu suspender exportações ao Egito de produtos que pudessem ser utilizados para repressão interna. A decisão veio na esteira do massacre de Rab’a, em agosto daquele ano, quando cerca de 1,1 mil manifestantes foram mortos pelas forças egípcias.

De acordo com a Human Rights Watch, 12 estados membros da União Europeia, incluindo a Itália, quebraram a promessa. Grupos de direitos humanos documentaram o uso de equipamentos fornecidos pela Europa para cometer violações contra manifestantes.

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