Rússia dificulta ajuda à Síria via Turquia

Governo russo e chinês alegam que autorização da ONU viola a soberania da Síria e bloqueiam auxílio

O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) rejeitou nesta quarta (8) uma resolução da Rússia que prevê fluxo de ajuda humanitária para o nordeste da Síria, controlado por rebeldes, via um único posto na Turquia.

Nesta terça (7), Rússia e China já haviam vetado a aprovação do Conselho de Segurança de estender por um ano a entrega de ajuda à Síria via Turquia. A informação é da agência de notícias Reuters.

Um relatório da ONU de junho estima que 70% da população do noroeste da Síria precisa de ajuda. Por isso, as Nações Unidas avaliam que um corredor humanitário pelo território da Turquia facilitaria a logística de auxílio.

Rússia e China vetam extensão de ajuda à Síria a partir da Turquia
Entrada de ajuda humanitária na Síria pela fronteira com a Turquia (Foto: Mark Lowcock/Twitter)

O conselho agora deve votar um texto russo, que permite a passagem turca por apenas seis meses.

Os argumentos de Beijing e Moscou

Segundo a Al-Jazeera, Rússia e China argumentam que a autorização da ONU viola a soberania da Síria. Para os dois países, as entregas devem ser feitas por meio das autoridades sírias.

O embaixador da China na ONU, Zhang Ju, condenou as sanções unilaterais dos Estados Unidos contra a Síria pelo agravamento da situação humanitária no país.

Em janeiro, o conselho havia permitido a continuação de uma operação de ajuda transfronteiriça pela Turquia por seis meses. Os pontos de travessia pelo Iraque e Jordânia foram desativados graças à oposição da Rússia e China.

No mês passado, a Alemanha e a Bélgica propuseram a reabertura da travessia pelo Iraque para ajudar a Síria a combater o coronavírus.

Diplomatas ocidentais apontam que o fechamento corta 40% da ajuda médica para o nordeste sírio. Mesmo assim, Rússia e China vetaram a proposta.

Até esta terça, as autoridades sírias confirmaram 250 casos confirmados de coronavírus no país e nove óbitos, segundo informações das Nações Unidas.

Cessar-fogo na Líbia

A Rússia e a Turquia estariam trabalhando em um cessar-fogo imediato para o conflito na Líbia, afirmou o ministro das Relações Exteriores russo à agência de notícias Interfax.

O Exército Nacional Líbio, comandado pelo militar Khalifa Haftar e apoiado pela Rússia, estaria pronto para assinar um acordo de cessar-fogo. A condição é que a Turquia convencer o outro governo da Líbia, este reconhecido internacionalmente, a fazer o mesmo.

A Líbia vive conflito desde 2011 com a queda do líder Muammar Gaddafi, apoiada pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Desde 2014, o país africano está dividido. O governo internacionalmente reconhecido controla a capital Trípoli e o noroeste do país. Já o líder militar Khalifa Haftar domina a partir de Bengazi e governa o leste.

Além da Rússia, Haftar conta com o apoio dos Emirados Árabes Unidos e Egito

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