Com pandemia, ONU alerta para desabastecimento de grãos

Novo coronavírus pode afetar oferta e preço de grãos, como milho e soja, atingindo países mais pobres

A pandemia do novo coronavírus pode afetar a cadeia global de suprimentos de grãos como milho e soja, penalizando sobretudo países mais pobres. O alerta foi publicado na última sexta (3) em relatório do Programa Mundial de Alimentos da ONU (Organização das Nações Unidas).

Segundo o documento “Covid-19: impacto potencial nas pessoas mais pobres do mundo“, embora os preços dos grãos estejam “geralmente baixos”, há temores de que países desenvolvidos antecipem compras ou importem uma quantidade maior de alimentos por “pânico derivado de ansiedade” com o novo coronavírus.

A desaceleração econômica causada pela paralisação das cadeias de produção globais, na tentativa de diminuir a velocidade do contágio pelo Covid-19, também poderia causar problemas.

Falta de grãos
Mulheres carregam saco de grãos em Nacate, Moçambique (Foto: UN Photo)

Isso porque a queda nas exportações e na receita de turismo, combinada a commodities mais caras no mercado internacional, pode dificultar a importação de alimentos por países como Gana, Angola, Camarões, Quênia, Tanzânia e Zimbábue, segundo a ONU.

Os países africanos, além dos do Oriente Médio, foram considerados os mais vulneráveis a eventuais oscilações no preço internacional de grãos. Na África, estima-se que 212 milhões vivam em situação de insegurança alimentar – ou seja, não têm acesso a comida suficiente para uma vida “ativa e saudável”, segundo definição da FAO (Agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura).

A África subsaariana, por exemplo, importou em 2018 cerca de 40 milhões de toneladas de cereais (trigo, arroz e milho) de regiões como Rússia, Índia e Tailândia. A demanda europeia no mesmo período, para comparação, foi de 121 milhões de toneladas. Os dados primários são da plataforma Resource Trade.

Já na América Latina, ministros e secretários de pastas relacionadas à alimentação e abastecimento de 25 países assinaram nesta terça (7) um compromisso para manter a oferta de alimentos durante a pandemia da Covid-19. A representante brasileira foi a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.

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