Em meio a conflito, incêndio consome arranha-céu que é um dos cartões postais de Cartum

Imagens que viralizaram na internet mostram o edifício de 18 andares em chamas. As causas ainda não estão claras

O conflito em curso no Sudão, que opõe as Forças Armadas Sudanesas (SAF, na sigla em inglês) à milícia conhecida como Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), atingiu um dos cartões postais da capital Cartum. No domingo (17), a Torre da Companhia de Petróleo do Grande Nilo (GNPOC), na sigla em inglês) pegou fogo. As informações são da rede BBC.

O edifício de 18 andares é sede da GNPOC e fica no centro da capital sudanesa. Imagens que mostram o fogo engolindo a torre foram compartilhadas em diversos perfis nas redes sociais. Não há relatos de mortos ou feridos, e as causas do incêndio ainda não foram esclarecidas.

“Isso é realmente doloroso”, disse Tagreed Abdin, arquiteto do edifício, em um post na rede social X, anteriormente conhecida como Twitter. Ele classificou a ocorrência como uma “destruição sem sentido”.

Além da torre, houve relatos de incêndios em outros prédios de escritório e governamentais na capital no sábado (16), resultado de ataques realizados pelas RSF contra instalações do exército. Moradores de um distrito no sul de Cartum dizem ter ouvido “enormes estrondos” durante o confronto, mas não está claro se o incêndio está diretamente ligado aos ataques.

Torre da Companhia de Petróleo do Grande Nilo (Foto: WikiCommons)
Por que isso importa?

O Sudão vive um violento conflito armado que coloca frente a frente dois generais que comandam o país africano desde o golpe de Estado de 2021: Abdel Fattah al-Burhan, chefe das SAF, e Mohamed Hamdan “Hemedti” Daglo, à frente das RSF.

As tensões decorrem de divergências sobre como cem mil combatentes da milícia paramilitar devem ser integrados ao exército e quem deve supervisionar esse processo. 

No dia 16 de abril, um domingo, explosões puderam ser ouvidas no centro da capital Cartum, mais precisamente no entorno do quartel-general militar do Sudão e do palácio presidencial, locais estratégicos reivindicados tanto por militares quanto pelas RSF.

O aeroporto internacional da capital, tomado pela milícia, foi bombardeado com civis dentro. Aeronaves foram destruídas, e caças da força aérea sudanesa e tanques foram usados contra os paramilitares.

Desde que o conflito se espalhou, primeiro pela capital, depois por outras regiões do país, as nações estrangeiras que tinham cidadãos e representantes diplomáticos no Sudão realizaram um processo de evacuação, viabilizado por um frágil cessar-fogo que não foi totalmente respeitado pela partes.

Os números de civis mortos e vítimas de abusos diversos não param de crescer desde então, com ao menos cinco milhões de deslocados. A situação levou o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, a dizer em julho que o país africano está “à beira de uma guerra civil“.

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