O conflito em curso no Sudão, que opõe as Forças Armadas Sudanesas (SAF, na sigla em inglês) à milícia conhecida como Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), atingiu um dos cartões postais da capital Cartum. No domingo (17), a Torre da Companhia de Petróleo do Grande Nilo (GNPOC), na sigla em inglês) pegou fogo. As informações são da rede BBC.
O edifício de 18 andares é sede da GNPOC e fica no centro da capital sudanesa. Imagens que mostram o fogo engolindo a torre foram compartilhadas em diversos perfis nas redes sociais. Não há relatos de mortos ou feridos, e as causas do incêndio ainda não foram esclarecidas.
SUDAN: Landmark skyscraper in Khartoum engulfed in flames
— LWNC (@LwncNews) September 17, 2023
Buildings have caught fire in Sudan's capital after heavy fighting between the army and rival forces.
Videos posted online on Sunday showed the Greater Nile Petroleum Oil Company Tower engulfed in flames.
This… pic.twitter.com/N9vWXgsvX1
“Isso é realmente doloroso”, disse Tagreed Abdin, arquiteto do edifício, em um post na rede social X, anteriormente conhecida como Twitter. Ele classificou a ocorrência como uma “destruição sem sentido”.
Além da torre, houve relatos de incêndios em outros prédios de escritório e governamentais na capital no sábado (16), resultado de ataques realizados pelas RSF contra instalações do exército. Moradores de um distrito no sul de Cartum dizem ter ouvido “enormes estrondos” durante o confronto, mas não está claro se o incêndio está diretamente ligado aos ataques.

Por que isso importa?
O Sudão vive um violento conflito armado que coloca frente a frente dois generais que comandam o país africano desde o golpe de Estado de 2021: Abdel Fattah al-Burhan, chefe das SAF, e Mohamed Hamdan “Hemedti” Daglo, à frente das RSF.
As tensões decorrem de divergências sobre como cem mil combatentes da milícia paramilitar devem ser integrados ao exército e quem deve supervisionar esse processo.
No dia 16 de abril, um domingo, explosões puderam ser ouvidas no centro da capital Cartum, mais precisamente no entorno do quartel-general militar do Sudão e do palácio presidencial, locais estratégicos reivindicados tanto por militares quanto pelas RSF.
O aeroporto internacional da capital, tomado pela milícia, foi bombardeado com civis dentro. Aeronaves foram destruídas, e caças da força aérea sudanesa e tanques foram usados contra os paramilitares.
Desde que o conflito se espalhou, primeiro pela capital, depois por outras regiões do país, as nações estrangeiras que tinham cidadãos e representantes diplomáticos no Sudão realizaram um processo de evacuação, viabilizado por um frágil cessar-fogo que não foi totalmente respeitado pela partes.
Os números de civis mortos e vítimas de abusos diversos não param de crescer desde então, com ao menos cinco milhões de deslocados. A situação levou o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, a dizer em julho que o país africano está “à beira de uma guerra civil“.