Nigéria alega ter matado o líder do ISWAP, filial do Estado Islâmico na região

Chefe do Estado-Maior da Defesa diz que Abu Musab al-Barnawi, principal nome do ISWAP (Estado Islâmico da África Ocidental), está morto

As forças armadas da Nigéria anunciaram na quinta-feira (14) a morte de Abu Musab al-Barnawi, principal líder do ISWAP (Estado Islâmico da África Ocidental). Filho do fundador do Boko Haram, outro grupo extremista islâmico nigeriano, ele migrou em 2016 para a filial local do EI. As informações são da agência catari Al Jazeera.

“Posso confirmar com autoridade para você que al-Barnawi está morto. É tão simples assim. Ele está morto e continua morto”, disse o chefe do Estado-Maior da Defesa, general Lucky Irabor, sem fornecer mais detalhes sobre como ou quando al-Barnawi morreu.

Ao menos até agora, o ISWAP não se manifestou sobre a morte de al-Barnawi, fato que tem gerado questionamentos. No passado, as forças de segurança nigerianas já anunciaram a morte de líderes extremistas que, posteriormente, apareceram vivos. O principal deles foi Abubakar Shekau, dado como morto diversas vezes até morrer de fato em junho deste ano, ao detonar um explosivo contra si próprio durante confronto com o ISWAP.

Acredita-se que al-Barnawi era o filho mais velho de Mohammed Yusuf, líder do Boko Haram morto em 2009 sob custódia da polícia. À época, a morte dele abriu caminho para Shekau assumir o comando da milícia. Agora, em 2021, o ciclo se encerrou. O ISWAP ganhou força após a morte de Shekau e se tornou o principal grupo jihadista do nordeste nigeriano, justamente liderado pelo filho de Yusuf.

Militantes do ISWAP em anúncio sobre a morte de 30 soldados da Nigéria, em março de 2021 (Foto: Reprodução/Sahara Reporters/ISWAP)

Por que isso importa?

Abubakar Shekau foi o pivô da criação do ISWAP, formado em 2016 por dissidentes do Boko Haram insatisfeitos com as decisões do ex-líder. Atualmente, o grupo ligado ao EI se concentra em alvos militares e ataques de alto perfil, inclusive contra trabalhadores humanitários. Os dois grupos jihadistas disputam o controle do estado de Borno, no nordeste da Nigéria.

Mais de 40 mil pessoas morreram no conflito da Nigéria, e cerca de mais dois milhões de pessoas foram deslocadas de suas casas pela violência.

Jovens sem perspectiva acabam entrando nos grupos jihadistas como uma forma de sustento, ao mesmo tempo em que crescem no país os sequestros por resgate. Desde dezembro, o país registrou seis sequestros em massa de crianças em idade escolar e estudantes universitários.

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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