A prisão do ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe, decretada no dia 4, foi um movimento inédito no país. Uribe foi condenado a prisão domiciliar pela Corte Suprema por “possíveis riscos de obstrução da justiça”.
Um dos mais populares políticos colombianos, Uribe governou o país entre 2002 e 2010. Ele é investigado desde 2018 por um esquema de manipulação de testemunhas e suborno, ocorrido em 2012.
A pena por suborno e fraude processual pode chegar a oito anos de prisão. O julgamento ainda não aconteceu.
Em 2014, o senador progressista, Iván Cepeda, acusou Uribe de ter envolvimento com grupos paramilitares de ultradireita.
Em “caçada” às guerrilhas de esquerda das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), milhares de civis teriam sido mortos pelo grupo.
Depoimentos de ex-paramilitares foram utilizados para sustentar a acusação, contestada pela defesa do ex-presidente.
Porém, um dos paramilitares que depôs em benefício de Uribe, Juan Guillermo Monsalve, mudou o discurso de repente. Pouco tempo depois, ele admitiu tê-lo feito sob suborno.
A mudança, como se descobriu depois, foi motivada por dinheiro prometido pelo advogado de Uribe, Diego Cadena, que também teve prisão decretada.
Direita pede ‘reforma’
De acordo com o El País, o atual presidente, Iván Duque, encabeça a pressão por mudanças no Judiciário para que Uribe, seu padrinho político, responda em liberdade.
Duque ainda afirmou que Uribe e sua família são “vítimas de todo tipo de ataques e difamações” ao longo da trajetória política.
O atual chefe do Executivo foi eleito há dois anos pelo Centro Democrático, mesmo partido conservador do ex-presidente.
Além das manifestações do atual presidente, uma carta de defesa ao ex-presidente foi assinada por vários ex-colaboradores e funcionários da alta Administração.
Nomes como o embaixador nos EUA, Francisco Santos, o ministro da Fazenda, Alberto Carrasquilla, e o responsável pelo combate à pandemia, Luis Guillermo Plata, também têm assinaram o documento.
Mesmo com pressões indiretas da direita uribista nos últimos dias, a oposição contesta essa proposta de “reforma”.