Homens fortemente armados atacaram o canteiro de obras de uma hidroelétrica no Estado de Niger, região central da Nigéria. A polícia afirmou na quinta-feira (6) que dois trabalhadores foram mortos e três cidadãos chineses que atuavam no local foram sequestrados. O ataque ocorreu na terça-feira (4), segundo a rede Voice of America (VOA).
“Mobilizamos oficiais e agentes, nossa equipe de inteligência… todos serão destacados para que possamos resgatar as vítimas”, disse Monday Bala, comissário de polícia de Niger. “Estamos colaborando com todas as partes interessadas ou as comunidades para nos darem informações vitais, ou seja, inteligência”.
Os homens abriram fogo contra os trabalhadores e atingiram dois nigerianos que trabalham no projeto. Eles foram levados ao hospital, onde morreram. A polícia diz ter respondido imediatamente e afirma que trocou tiros com os agressores, tendo resgatado outros quatro cidadãos chineses que também seriam sequestrados.
Ações do gênero são comuns na Nigéria. Os estrangeiros são sequestrados a fim de que as empresas para as quais trabalham paguem altas quantias em dinheiro pelo resgate. Os criminosos invariavelmente são membros de quadrilhas de “bandidos“, nome popularmente atribuído a grupos armados sem vínculo ideológico que atuam no país.
Por que isso importa?
A violência que atinge o noroeste da Nigéria forçou dezenas de milhares de pessoas a deixarem suas casas e já começa a se expandir para a região central do país. Parte da população foge dos ataques dos “bandidos” e também da ação de grupos jihadistas, sobretudo o Boko Haram e o ISWAP (Estado Islâmico da África Ocidental).
Enquanto os jihadistas têm uma agenda ideológica muito clara, os “bandidos” agem somente por dinheiro. São principalmente jovens do grupo étnico Fulani que trabalharam como criadores de gado nômades e se envolveram em um conflito de décadas com comunidades agrícolas, na luta pelo acesso à água e às pastagens.
Os “bandidos” são os maiores responsáveis pelos sequestros de jovens em idade escolar, uma modalidade criminosa que tem crescido muito no país. O objetivo dos raptos é meramente financeiros, ou seja, receber o valor do resgate em troca da libertação das vítimas. As gangues também promovem invasões e saques em vilas.
No início de janeiro de 2022, o governo da Nigéria passou a classificar os “bandidos“ como terroristas. Isso significa que as punições serão mais duras e atingirão também indivíduos suspeitos de serem informantes e apoiadores das quadrilhas. Inclusive pessoas que eventualmente forem flagradas fornecendo combustível e alimentos.
A violência no noroeste nigeriano aumentou nos últimos meses, e a OIM (Organização Internacional para as Migrações) estima que houve cerca de 50 mil deslocamentos internos no país desde janeiro de 2020. Adicionalmente, 80 mil pessoas rumaram ao vizinho Níger nos últimos dois anos, situação que as agências de apoio à população temem gerar uma nova crise humanitária.