Desde que assumiu o governo, em junho, o novo presidente do Burundi, Evariste Ndayishimiye, não promoveu nenhuma mudança contra o legado de violência deixado por seus antecessores.
Em relatório publicado nesta quinta (17), a ONU (Organização das Nações Unidas) denuncia execuções sumárias, tortura e violência sexual de crianças e adolescentes. Tudo teria sido autorizado pelo novo governo.
Intensificada durante as eleições, no dia 20 de maio, a onda de violência continua. “Homicídios, prisões arbitrárias e desaparecimentos continuam ocorrendo mesmo após as eleições”, disse a integrante da Comissão de Inquérito, Francoise Hampson. “É motivo de grande preocupação.”
Dois dos 15 ministros escolhidos pelo governo do atual presidente, estão sob sanção dos Estados Unidos e União Europeia. Alain Guillaume Bunyoni e Gervais Ndirakobuca são acusados de violação aos direitos humanos em repressão violenta a protestos no país, em 2015.
Com militares fortes, o governo não responsabiliza policiais pelas infrações, denuncia a ONU. No Burundi, 74% da população vive em pobreza extrema.
Crianças são as principais vítimas
Mais da metade da população, os jovens menores de 18 anos são os que sofrem as violações mais graves, aponta o relatório. Muitos são recrutados à força para integrar a liga jovem do partido de Evariste.
O grupo violento assumiu o controle nas áreas rurais do país e é o principal propagador de discurso de ódio no país.
A violência por retaliação a outros membros da família também é comum às crianças e adolescentes. Agora, a ONU exorta o governo a libertar ativistas, jornalistas e presos políticos.