Novo estudo da ONU estima mais 49 milhões na pobreza extrema em 2020

África subsaariana deve ser a região mais afetada; nos próximos dois anos, PIB global pode cair até US$ 8,5 tri

Cerca de 49 milhões de pessoas podem acabar 2020 na extrema pobreza, segundo estudo das Nações Unidas divulgado nesta quarta (9). Metade delas vive na África subsaariana.

Nos próximos dois anos, a produção econômica mundial pode cair até US$ 8,5 trilhões – ou mais de dois Brasis, considerando o PIB nacional no mesmo período de tempo, US$ 3,6 trilhões.

O retrocesso está associado à grave desaceleração econômica causada pela pandemia do novo coronavírus. A estimativa mais recente, do Banco Mundial, é de contração de 5,2% no PIB global.

Com a crise atingindo países ricos e pobres, uma parcela considerável da renda – aquela que chega por meio de remessas de parentes que vivem no exterior – devem diminuir 20% neste ano, ou cerca de US$ 110 bilhões.

Crianças recebem comida em ação da ONU em Nairobi, no Quênia (Foto: Georgina Jane Smith/UN Photo)

Em todo o mundo, cerca de 200 milhões de trabalhadores migrantes complementam a renda de 800 milhões de familiares.

A ONU também informou que, até o momento, não há graves problemas no mercado global de grãos e outras commodities alimentares.

As dificuldades residem na diminuição brusca da renda das famílias, o aumento do preço dos alimentos e nas restrições de circulação causadas pela pandemia, que causam “perturbações” nos mercados locais.

Sem renda, uma parcela cada vez maior das famílias terá problemas para suprir suas necessidades alimentares diárias.

Infância na pandemia

Cada ponto percentual de queda no PIB global, estima a ONU, representa mais 700 mil de crianças com fome a ponto de deixar sequelas em seu desenvolvimento físico.

Antes da pandemia, a ONU calculava 820 milhões de pessoas com fome no mundo. Este número já aumentou em pelo menos 135 milhões e pode dobrar até o final de 2020.

As escolas fechadas também pioram a situação: 352 milhões de crianças ficaram sem a merenda escolar. Para muitos estudantes, essa refeição é a fonte mais segura de alimento durante o dia.

Na América Latina e Caribe, 85 milhões de alunos dependem da comida da escola. Para 10 milhões, ela é a refeição mais completa do dia.

Com a Covid-19, as instituições de ensino foram fechadas em quase todos os países do mundo. As exceções são países como Nicarágua e Turcomenistão.

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