Líder da oposição é preso na Tanzânia, e aliados políticos falam em ‘sequestro’

Partido Chadema diz que presidente da sigla foi detido pela polícia e que não informações de seu paradeiro

Um grupo de oposicionistas políticos foi preso pelas autoridades da Tanzânia nesta quarta-feira (21), segundo a agência Reuters. O partido Chadema, que faz oposição à presidente Samia Suluhu Hassan, alega que o principal líder da sigla, Freeman Mbowe, foi detido junto com outras dez pessoas e que o paradeiro dele é desconhecido.

Freeman Mbowe, líder da oposição na Tanzânia (Foto: twitter.com/ChademaTz)

“Continuamos a dizer ao público que não sabemos onde está nosso presidente, @freemanmbowetz, nem quais as condições dele. Interpretamos isso como um sequestro”, diz uma nota publicada pelo partido Chadema em seu perfil no Twitter.

Os oposicionistas alegam que cerca de 30 policiais armados chegaram ao hotel onde estava Mbowe, na cidade dde Mwanza, por volta das 15h20. Mesmo sem mandado judicial, eles ameaçaram arrombar a porta se não fossem autorizados a entrar para realizar uma busca. O grupo se reunia para debater a possibilidade de elaboração de uma nova Constituição no país.

Na semana passada, dezenas de outros membros do partido já haviam sido presos por realizarem uma reunião sem permissão. O governo alega que reuniões não autorizadas estão proibidas no país devido à pandemia de Covid-19, de acordo com normas introduzidas desde que Hassan assumiu o cargo.

Sucessão presidencial

O ex-presidente John Magufuli havia sido reeleito em 2020, num pleito que contribuiu para desestabilizar ainda mais o país. Enquanto a oposição denunciava irregularidades e rejeitava os resultados da votação, militares aumentaram a violência contra os dissidentes. Candidatos opositores, como o rival nas eleições Tundu Lissu, deixaram a Tanzânia em novembro.

Magufuli, um notório negacionista da pandemia, morreu em março deste ano, oficialmente de “problemas cardíacos”. Fora dos círculos governistas, sempre se especulou que a morte teria sido causada pela Covid-19. Então vice-presidente, Hassan assumiu o cargo com a “esperança de que o reinado de terror e guerra contra a democracia de Magufuli” acabasse, nas palavras de Lissu.

A prisão de Mbowe, porém, derruba a tese de democratização do país. “Condenamos esta violação dos direitos humanos dos tanzanianos. Este é um sinal de que a ditadura que prevaleceu durante a gestão do Presidente Magufuli ainda persiste”, disse o Chadema em sua rede social.

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