Permanência de 20 mil mercenários ameaça paz na Líbia, diz ONU

Combatentes são a principal ponte para a entrada de armas no país, de acordo com a enviada especial da ONU

As tratativas para a paz na Líbia não dependem apenas do consenso entre os grupos beligerantes, mas também da saída dos 20 mil mercenários estrangeiros que permanecem no país.

A enviada especial da ONU (Organização das Nações Unidas), Stephanie Williams, alertou sobre essa ameaça na quarta-feira (2). Esses combatentes seriam a principal ponte para a entrada de armas na Líbia, nação dilacerada pela guerra de uma década.

Sem citar nomes, Williams criticou governos estrangeiros pelo comportamento. “Agem com total impunidade e aprofundam o conflito com mercenários e armas”, disse.

A ação viola o embargo de armas e o acordo de cessar-fogo, assinado em outubro, em meio a uma árdua caminhada pela paz. O tratado estabeleceu um prazo de três meses para que as forças estrangeiras deixem o país.

Permanência de 20 mil mercenários estrangeiros ameaça paz na Líbia, diz ONU
A diplomata e enviada especial da ONU à Líbia, Stephanie Williams, em pronunciamento na Tunísia, novembro de 2020 (Foto: UNSMIL)

O território da Líbia reúne milhares de mercenários russos, sírios, sudaneses e chadianos chamados por lados rivais para engrossar as tropas. Agora, os envolvidos discutem um novo governo transitório.

A administração será responsável por liderar o país até as eleições de dezembro de 2021, conforme resolução do encontro de uma semana na Tunísía, em novembro.

O objetivo é solucionar a crise que já deixou 1,3 milhão dos 6,8 milhões de habitantes do país em total dependência de ajuda humanitária.

Williams está na Líbia para solucionar o impasse que se prolonga desde a derrubada do ditador Muammar Khadafi, em 2011. De um lado estão as forças do general renegado Khalifa Haftar, apoiado por Emirados Árabes Unidos, Rússia, Jordânia e Egito. Já as forças do governo líbio, reconhecido pela ONU, contam com o apoio do Catar e da Turquia.

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