Shell enfrenta Suprema Corte britânica por poluição no delta do rio Níger

Relatório da ONU de 2011 aponta que levaria 30 anos para limpar contaminação por produto cancerígeno

A empresa anglo-holandesa Shell deve ser responsabilizada pelo Supremo Tribunal do Reino Unido pela poluição causada pela extração de petróleo no delta do rio Níger, na Nigéria. A informação é do jornal The Guardian.

Nigerianos das regiões de Ogale e Bille afirmam sofrer com a poluição há anos. Os cidadãos também alegam prejuízos com a contaminação de seus poços de água com produtos químicos potencialmente cancerígenos.

As ações da empresa causaram ainda a devastação da vegetação dos manguezais. Em um relatório publicado em 2011, a ONU aponta que poderia levar 30 anos para limpar a poluição no delta do Níger.

Shell enfrenta Suprema Corte do Reino Unido por poluição no delta do Níger
Óleo nas águas do delta do Níger em 2011 (Foto: Pnuma/Reprodução)

À época, o Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) recomendou um fundo de US$ 1 bilhão, pago pelas empresas petrolíferas que atuam na área em cinco anos. A Shell é a principal delas.

Um relatório da Shell aponta pelo menos 40 derramamentos de óleo de seus oleodutos e equipamentos desde 1989, incluindo 29 vazamentos nos últimos quatro anos.

Por causa da pandemia do novo coronavírus, moradores da região não poderão comparecer à corte no Reino Unido e serão representados por seus advogados.

Programa ineficaz

Diversas ONGs, entre elas a Anistia Internacional, divulgaram no último 18 um relatório sobre a atual situação do delta do Níger e a ineficácia do projeto de limpeza de bilhões de dólares lançado pelo governo nigeriano em 2016.

Segundo o documento, os trabalhos de limpeza começaram em apenas 11% dos locais identificados pelo Pnuma. Nenhuma das regiões contaminadas foi totalmente limpa.

Há ainda comunidades sem acesso à água limpa e o monitoramento ambiental e sanitário ainda não foi realizado.

Ainda segundo o relatório, uma contabilidade pública sobre como os US$ 31 milhões fornecidos em 2018 não foi realizada. Além disso, 11 das 16 empresas contratadas não possuem conhecimento especializado em poluição por petróleo.

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