O líder militar sudanês, general Abdel Fattah al-Burhan, anunciou a formação de um governo de guerra “tecnocrático” após avanços militares contra as Forças de Apoio Rápido (RSF, da sigla em inglês) em Cartum. O exército sudanês pediu apoio diplomático internacional para a nova administração, que será estabelecida após a elaboração de uma nova constituição. As informações são da BBC.
A guerra entre o exército e a RSF se arrasta desde abril de 2023, deixando dezenas de milhares de mortos e mais de 12 milhões de deslocados. Burhan descartou qualquer negociação com a RSF, classificando o grupo como “rebelde” e afirmando que o novo governo auxiliará nas operações militares para recuperar o restante do território sudanês.

No último domingo (9), o Ministério das Relações Exteriores sudanês emitiu um comunicado pedindo apoio da ONU, da União Africana e da Liga Árabe para o “roteiro” de estabilização do país. Enquanto o exército avança em Cartum e no estado de Gezira, a RSF segue no controle da maior parte do oeste do Sudão, especialmente a região de Darfur, onde há relatos de intensos combates e acusações de genocídio contra o grupo paramilitar.
Tanto o exército quanto a RSF foram acusados de cometer graves atrocidades contra civis, levando os EUA a sancionar seus líderes. O conflito no Sudão é considerado uma das piores crises humanitárias da atualidade, com milhões de pessoas enfrentando fome e deslocamento forçado.
Por que isso importa?
O Sudão vive um violento conflito civil que coloca frente a frente dois generais que comandam o país africano desde o golpe de Estado de 2021: Abdel Fattah al-Burhan, chefe das SAF, e Mohamed Hamdan “Hemedti” Daglo, à frente da milícia das RSF.
As tensões decorrem de divergências sobre a incorporação dos combatentes das RSF às Forças Armadas, o que levou a milícia a se insurgir. Hemedti tem entre 70 mil e cem mil homens sob seu comando, de acordo com a rede Deutsche Welle (DW), enquanto al-Burhan lidera um efetivo de cerca de 200 mil.
Embora as SAF sejam mais bem equipadas e em maior número, as RSF são igualmente bem treinadas, o que equilibra as ações. O balanço de forças apenas prolonga as hostilidades e a violência decorrente, com nenhum dos dois lados conseguindo se impor sobre o inimigo.
Desde que o conflito se espalhou, primeiro pela capital, depois por outras regiões, cerca de dez milhões de pessoas foram deslocadas dentro do país, com mais de dois milhões forçadas a cruzar as fronteiras para o exterior. A crise maciça deixou 25 milhões de pessoas necessitando de ajuda humanitária e proteção.
A terrível situação é agravada por uma grave escassez de suprimentos essenciais, já que as entregas de produtos comerciais e de ajuda humanitária foram fortemente restringidas pelos combates e pelos desafios de acesso ao território controlado pelas RSF.