CEOs de bancos nos EUA condenam racismo após morte de George Floyd

Executivos produziram comunicados defendendo diversidade e respeito; CFO do Citi falou em 'privilégios negados'

Os chefes de alguns dos maiores bancos dos Estados Unidos manifestaram-se contra o racismo depois da morte de George Floyd, um homem negro, pela violência policial no último dia 25. As informações são da agência de notícias Bloomberg.

No estado de Minneapolis, Floyd não resistiu após um policial branco ficar minutos ajoelhado sobre o seu pescoço. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, ele implora que o oficial o solte pois não consegue respirar.

O policial Derek Chauvin foi preso e é acusado de assassinato. A morte de mais um homem negro por um policial branco gerou manifestações em diversas cidades norte-americanas neste fim de semana.

A posição dos bancos

“Sejamos claros: estamos observando, ouvindo e queremos que cada um de vocês saibam que estamos comprometidos a lutar contra o racismo e a discriminação em qualquer lugar e da forma que existir”, afirmaram o CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, e o recém nomeado diretor de diversidade do banco, Brian Lamb.

Para o JPMorgan, os eventos em Minneapolis e a pandemia do Covid-19 destacam as desigualdades enfrentada pelos negros e outras minorias. A instituição financeira vem fazendo alterações em suas políticas desde que um artigo do The New York Times descreveu um caso de discriminação em uma filial no estado do Arizona, em dezembro do ano passado.

Em março, o JPMorgan declarou ter identificado áreas em toda a empresa onde pode melhorar. Isso inclui a necessidade de treinamento em diversidade para todos os funcionários.

O diretor executivo da Wells Fargo, Charlie Scharf, afirmou em um comunicado interno na última sexta (29) que, como homem branco, não pode realmente entender o que acontece com os negros. Contudo, propôs o executivo, pode se comprometer a apoiar as comunidades e promover uma cultura empresarial que valorize a diversidade.

CEOs de bancos nos EUA condenam racismo após morte de George Floyd
Protesto antirracismo no estado do Alabama, nos EUA (Foto: A.J. Crenshaw/Twitter)

Direitos negados

Um dos executivos negros de maior sucesso de Wall Street, o diretor financeiro do Citigroup Mark Mason afirmou que os privilégios básicos ainda são negados aos negros, apesar do progresso conquistado pelos EUA.

Em um artigo publicado no site da empresa, como o título “Não consigo respirar”, Mason falou sobre direitos humanos e civis, dignidade e respeito.

“Estou falando de algo tão banal quanto ir correr”, afirmou. Trata-se de uma referência ao assassinato de Ahmaud Arbery, 25, em fevereiro deste ano. O jovem estava praticando corrida quando foi perseguido e morto a tiros por dois homens brancos na Geórgia, estado sulista onde o conflito racial é latente.

Em um memorando destinado aos trabalhadores, o CEO do Citigroup, Mike Corbat, reconhece que muitos funcionários enfrentam o racismo em seu dia a dia de formas ostensivas e sutis. “Quero que você saiba que seus colegas e eu estaremos sempre ao seu lado”, afirmou Corbat.

Presidente do Bank of America no mercado de Minneapolis-St. Paul, Katie Simpson, afirmou que a empresa exigirá respeito e inclusão para todas as pessoas.

Andy Cecere, diretor executivo da Bancorp, que tem sede em Minneapolis, se diz perturbado com a morte de George Floyd. “Estou procurando palavras certas para dizer à toda a equipe, e especialmente aos negros, que eu acredito que suas vidas importam.”

Segregação histórica

A morte de Floyd é mais um capítulo nas conturbadas relações entre brancos e negros nos EUA. Até meados dos anos 1960, escolas, hospitais e outros espaços públicos eram segregados em diversos estados.

Parte do problema foi endereçado com o movimento pelos direitos civis, que deixou marcas profundas na política do país. Mesmo assim, ainda há episódios frequentes de violência de cunho fortemente racial e discrepância na renda, no emprego e na expectativa de vida das duas populações.

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