Estudantes chineses temem a política migratória de Trump e evitam deixar os EUA

Universidades americanas orientam alunos internacionais a retornarem antes da posse, sob o risco de não poderem entrar depois

Estudantes chineses nos EUA enfrentam incertezas sobre suas viagens para a China devido a possíveis mudanças na política de imigração após a posse do presidente eleito Donald Trump, em 20 de janeiro. Universidades americanas têm emitido avisos para que os alunos retornem ao território norte-americano antes dessa data, sob o risco de não conseguirem ingressar depois. As informações são do jornal South China Morning Post.

Instituições como Princeton, Universidade de Michigan e Berkeley enviaram comunicados abordando possíveis dificuldades para reentrar nos EUA. Em uma dessas mensagens, Princeton afirmou que não sabe como o novo governo afetará as políticas de imigração, mas orientou os alunos a participarem de sessões virtuais com especialistas jurídicos.

Bandeiras dos EUA e da China lado a lado (Foto: U.S. Department of Agriculture/Flickr)

Liam Du, estudante de doutorado na Universidade Cornell, compartilhou a ansiedade de sua comunidade: “Estamos realmente assustados agora. Muitos de nós já compraram passagens para voltar para casa, mas estamos reconsiderando e pensando em remarcar para depois do Festival da Primavera”, diz ele, citando o receio de que possíveis mudanças dificultem o retorno aos EUA.

A preocupação se estende a outros riscos. Além de dificuldades com vistos, há temores relacionados a atos de violência e discriminação devido ao aumento das tensões geopolíticas entre os dois países. Dados recentes mostram que o número de estudantes chineses nos EUA caiu significativamente desde o pico em 2019-2020, refletindo o impacto das políticas mais rígidas do governo Trump.

Para alguns, a incerteza tem implicações ainda maiores. Uma ex-aluna da Universidade Yale, que permanece nos EUA com visto de trabalho, afirmou que prefere não voltar à China até obter um green card. “Eu e meu marido recebemos orientações para não sairmos do país sem necessidade. Não quero arriscar”, disse ela, sob anonimato.

Especialistas alertam que tais desafios podem afetar as relações bilaterais. Deborah Seligsohn, professora da Universidade Villanova, destacou que restrições às viagens podem afastar futuros estudantes. “Todo aluno quer poder visitar sua família. Obstáculos desse tipo desestimulam novos ingressos e prejudicam as conexões entre os dois países, que têm sido fundamentais desde os anos 1970.”

Albert Ma, ex-aluno de Berkeley, observou que a desaceleração econômica também contribui para as dificuldades enfrentadas pelos estudantes internacionais. “Isso afeta tanto os que já estão aqui quanto os que consideram estudar nos EUA. A situação está cada vez mais complicada”, concluiu.

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