Investimentos da China para influência via lobby nos EUA crescem 500% em 4 anos

Investimento de Beijing a mídias chinesas nos EUA saltou de US$ 10 milhões, em 2016, para US$ 64 milhões, em 2020

Um levantamento realizado pelo think tank Center for Responsive Politics apontou que os investimentos da China em agentes e campanhas de influência nos EUA saltaram de US$ 10 milhões, em 2016, para US$ 64 milhões, no ano passado – um crescimento de mais de 500%.

A maior fatia vai para operações de propaganda, apontou o portal norte-americano Axios, que teve acesso aos dados. O volume de gastos tem base nas leis norte-americanas, que obrigam estrangeiros a registrar gastos nos EUA.

O último serviço chinês a se registrar como “agente estrangeiro” foi a agência estatal de notícias Xinhua, no sábado (8) – três anos depois que o Departamento de Justiça notificou a obrigação do registro.

Investimentos da China para influência nos EUA crescem 500%
Sede da agência estatal da China, Xinhua, em Hong Kong, julho de 2007 (Foto: Divulgação/Ming Xia)

O pedido, porém, foi “amplamente genérico”, apontou o relatório Foreign Lobby. O serviço Xinhua nos EUA foi descrito como uma “entidade legal independente” que está “sujeita à supervisão do governo”.

Na prática, o governo chinês detém todos os direitos sobre o órgão de mídia, conhecido mundialmente como o “porta-voz de Beijing”. Conforme o relatório, a China investiu US$ 8,6 milhões na agência desde março de 2020.

Os pagamentos vão, em sua maioria, para escritórios de Washington, Los Angeles, Houston, San Francisco e Chicago. Em consequência, Beijing já é o maior investidor em operações de influência estrangeira dos EUA, aponta o documento.

Mais investimentos em todo o mundo

O relatório do CRP também aponta que as entidades chinesas ampliaram seus gastos em atividades de agentes estrangeiros em todo o mundo em 2020. Os dados têm base nos registros Fara (Atos Registrados de Agentes Estrangeiros, em inglês), criado originalmente para identificar propaganda nazista nos EUA.

Juntos, os meios de comunicação estatais, como o “China Daily”, a emissora CGTN e a agência Xinhua, respondem por mais de dois terços dos gastos do Fara em 2019 e mais de quatro quintos em 2020.

Gigantes como a big tech Huawei e a empresa de tecnologia de vigilância Hikvision ficaram para trás. Até a divulgação de seus gastos, os órgãos de mídia chineses não divulgavam seus gastos sobre estruturas e finanças.

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