ONG contra a fome depende de doações após ter contas congeladas na Venezuela

Governo venezuelano interrompeu trabalho por suspeita de 'subversão política'; fundador é de partido de oposição

A ONG (Organização não governamental) “Alimente a Solidariedade” já começou a arrecadar fundos e alimentos para manter o trabalho após ter suas contas congeladas pelo governo da Venezuela, no dia 25.

De acordo com a emissora local independente El Pitazo, os multirões de arrecadação ocorrem desde domingo (29) nas principais cidades do país.

Na última semana, homens armados invadiram diversos escritórios da ONG para buscar “evidências” de crimes.

Caracas acusa a instituição e seu fundador, Roberto Patiño, de canalizar doações estrangeiras para “subversão política”, registrou o jornal “The New York Times”. Patiño integra o partido de oposição da Venezuela, “Primero Justicia”.

Instituição de caridade recolhe doações após ter contas congeladas na Venezuela
Voluntária do programa “Alimente a Solidariedade” em Caracas, capital da Venezuela, em maio de 2019 (Foto: Instagram/Alimenta la Solidariedad)

A ONG atende diariamente a cerca de 25 mil crianças em refeitórios populares em toda a Venezuela. “Com as contas bancárias congeladas, não poderemos comprar alimentos e teremos de interromper o serviço”, disse Patiño.

O projeto integra o programa humanitário da ONU (Organização das Nações Unidas) na Venezuela e conta com apoio financeiro da União Europeia e do Vaticano.

De acordo com uma pesquisa recente, apenas 4% da população venezuelana de 28 milhões de habitantes ganhou o suficiente para atender as suas necessidades básicas em 2019.

Mergulhada em sanções e em meio a uma contração econômica que já se prolonga por sete anos, o maior número de deslocados da América Latina é da Venezuela e busca abrigo em outros países da região, como Brasil e Peru.

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