O governo da Índia intensifica a perseguição a ativistas e jornalistas através de operações “contraterrorismo”, denunciou a organização HRW (Human Rights Watch) na sexta (30).
Entre os dias 28 e 29 de outubro, autoridades indianas realizaram batidas policiais em escritórios de organizações não-governamentais, casas de ativistas e redações jornalísticas nas regiões de Jammu e Caxemira, Délhi e Bangalore.
No começo de outubro, o escritório da Anistia Internacional precisou interromper suas atividades na Índia depois de ter suas contas bancárias congeladas pelo governo de Narendra Modi.
“Ao invés de abordar seus problemas de uma maneira respeitosa, as autoridades indianas parecem estar determinadas a reprimir as críticas”, disse o diretor da HRW no sul da Ásia, Meenakshi Ganguly.
A perseguição ocorre através da Lei de Regulamentação de Contribuições Estrangeiras. O dispositivo rastreia doações de estrangeiros e, em resposta, assedia organizações que questionam as políticas governamentais.
Ativistas da Caxemira
Ao conduzir os ataques, a Agência Nacional de Investigação (NIA) da Índia acusou os grupos de levantar fundos para “difundir o separatismo” na Caxemira.
A região é palco de disputas: a maioria muçulmana pede pela independência do território indiano e unificação com o vizinho Paquistão.
Em agosto de 2019, o governo nacionalista hindu de Modi tirou o status semiautônomo do território, o que gerou revolta na população.
Uma das vítimas da perseguição na Índia é Parveena Ahangar, cujo filho de 27 anos desapareceu em 1990 sob custódia da polícia local. Hoje, Ahangar é a líder da Associação de Pais de Pessoas Desaparecidas na Caxemira.
Segundo ela, a NIA apreendeu documentos sobre desaparecidos, tortura e prisão arbitrária pelas forças de segurança do Estado. Outros ativistas tiveram seus celulares confiscados.