Índia usa operações de contraterrorismo em perseguição a ativistas e jornalistas

Governo indiano ordenou batidas policiais em casas de ativistas e jornais; documentos e celulares foram confiscados

O governo da Índia intensifica a perseguição a ativistas e jornalistas através de operações “contraterrorismo”, denunciou a organização HRW (Human Rights Watch) na sexta (30).

Entre os dias 28 e 29 de outubro, autoridades indianas realizaram batidas policiais em escritórios de organizações não-governamentais, casas de ativistas e redações jornalísticas nas regiões de Jammu e Caxemira, Délhi e Bangalore.

No começo de outubro, o escritório da Anistia Internacional precisou interromper suas atividades na Índia depois de ter suas contas bancárias congeladas pelo governo de Narendra Modi.

Índia usa operações de contraterrorismo em perseguição a ativistas e jornalistas
A ativista Parveena Ahangar em protesto na capital de verão da Caxemira, Srinagar, em setembro de 2016. Parveena busca o filho levado pelas forças de segurança da Índia em 1990, antes de completar 27 anos (Foto: United Religions Initiative)

“Ao invés de abordar seus problemas de uma maneira respeitosa, as autoridades indianas parecem estar determinadas a reprimir as críticas”, disse o diretor da HRW no sul da Ásia, Meenakshi Ganguly.

A perseguição ocorre através da Lei de Regulamentação de Contribuições Estrangeiras. O dispositivo rastreia doações de estrangeiros e, em resposta, assedia organizações que questionam as políticas governamentais.

Ativistas da Caxemira

Ao conduzir os ataques, a Agência Nacional de Investigação (NIA) da Índia acusou os grupos de levantar fundos para “difundir o separatismo” na Caxemira.

A região é palco de disputas: a maioria muçulmana pede pela independência do território indiano e unificação com o vizinho Paquistão.

Em agosto de 2019, o governo nacionalista hindu de Modi tirou o status semiautônomo do território, o que gerou revolta na população.

Uma das vítimas da perseguição na Índia é Parveena Ahangar, cujo filho de 27 anos desapareceu em 1990 sob custódia da polícia local. Hoje, Ahangar é a líder da Associação de Pais de Pessoas Desaparecidas na Caxemira.

Segundo ela, a NIA apreendeu documentos sobre desaparecidos, tortura e prisão arbitrária pelas forças de segurança do Estado. Outros ativistas tiveram seus celulares confiscados.

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