Trump desmonta força-tarefa criada por Biden para combater ciberataques e sabotagem da Rússia

Interrupção das ações do grupo amplia temores sobre vulnerabilidade americana diante de ameaças híbridas vindas de Moscou

Os EUA interromperam nos últimos meses os trabalhos de uma força-tarefa especial criada pelo ex-presidente Joe Biden para combater ataques cibernéticos, sabotagens e campanhas de desinformação conduzidas pela Rússia contra países ocidentais. A suspensão das atividades ocorreu após a posse de Donald Trump e foi relata com exclusividade pela agência Reuters, gerando preocupações sobre possíveis vulnerabilidades diante de ameaças híbridas vindas de Moscou.

Criado em 2024 após alertas das agências de inteligência sobre o aumento das operações russas na Europa, o programa era coordenado pelo Conselho de Segurança Nacional (NSC) e envolvia diretamente ao menos sete agências americanas, além da colaboração com parceiros europeus. O objetivo era identificar e prevenir ações russas que poderiam colocar em risco infraestruturas estratégicas nos EUA e no continente europeu.

Donald Trump em encontro na Casa Branca (Foto: The White House/Flickr)

Desde a posse de Trump, em janeiro, diversas reuniões regulares entre autoridades americanas e europeias foram suspensas, e a comunicação formal que envolvia o FBI (polícia federal dos EUA), o Departamento de Segurança Interna e o Departamento de Estado foi reduzida drasticamente.

Segundo autoridades ouvidas sob condição de anonimato pela Reuters, também foram interrompidos esforços contra interferências russas em eleições norte-americanas e operações destinadas a apreender bens de oligarcas ligados ao Kremlin.

Brian Hughes, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, declarou que o governo Trump mantém ações para “avaliar e impedir ameaças aos americanos” e enfatizou que o presidente deixou claro que “qualquer ataque aos EUA será recebido com uma resposta desproporcional”. Porém, não esclareceu se as atividades específicas da força-tarefa criada por Biden serão retomadas ou substituídas.

Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, reagiu às informações afirmando que o governo americano estaria simplesmente tentando se desfazer de atividades “ineficazes, corruptas e implausíveis”. Segundo ele, as acusações ocidentais sobre supostos atos de sabotagem atribuídos à Rússia são “vazias e efêmeras”.

No último ano, as operações coordenadas pelos EUA ajudaram países europeus a prevenir ataques como planos de assassinato contra executivos ligados à indústria bélica e sabotagem de cabos submarinos. Autoridades europeias afirmaram que, mesmo após a mudança em Washington, o compartilhamento básico de inteligência entre americanos e europeus segue ocorrendo normalmente.

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