Partido Comunista Chinês expulsa importante membro por possuir livros e revistas proibidos

Ex-supervisor de ativos do Estado foi expulso por ter "consciência política fraca" e possuir material com questões políticas sérias

Um funcionário de alto escalão do governo de Beijing foi expulso pelo Partido Comunista Chinês (PCC) por possuir livros e jornais políticos proibidos. Conhecida por confiscar obras que desagradem o governo, a China tem intensificado a censura e substituído conteúdo não aprovado por propaganda oficial alinhada ao partido. As informações são da rede Radio Free Asia.

Zhang Guilin, ex-supervisor de ativos do Estado, foi acusado de ter “consciência política fraca”, o que constitui “grave violação da disciplina e da lei” e abre caminho para um processo criminal.

A investigação constatou que ele possuía e lia materiais com questões políticas sérias, embora a natureza exata desses materiais não tenha sido detalhada no comunicado divulgado pela agência de notícias estatal Xinhua.

As autoridades chinesas estão intensificando seus esforços para controlar a informação, agora direcionando livros e jornais como meios de disseminação mais silenciosos. Os censores já silenciaram opiniões divergentes e críticas nas mídias sociais, mas agora o foco parece ser em materiais impressos que podem passar despercebidos ou ser encomendados de editoras estrangeiras.

O popular ‘O Livro Vermelho’, coletânea de citações de Mao Tsé-Tung (Foto: WikiCommons)

Guilin também foi acusado de aceitar favores. O caso foi encaminhado ao escritório do procurador do Estado para ser processado.

O membro do PCC é apenas o mais recente de uma lista extensa de altos funcionários chineses acusados de manter e ler secretamente livros com questões políticas sérias.

Outros casos incluem Xu Shiping, ex-editor-chefe do Dongfang.com, que foi expulso do partido por esconder e ler livros proibidos, além de se envolver em uso indevido de fundos públicos e abuso de poder.

Nos últimos anos, Chen Zehui, ex-vice-prefeito de Changsha, Li Zhong, ex-vice-prefeito de Huainan, e Li Bin, ex-policial de segurança do Estado de Chongqing, também foram expulsos e afastados de seus cargos por levarem livros proibidos ao país.

Em 2020, o escritor sueco Wan Zhi afirmou que as censuras a livros ocidentais aumentaram consideravelmente após Xi Jinping assumir a presidência da China, em 2013.

Protecionismo histórico

A China possui leis que protegem a reputação de seus heróis e mártires revolucionários e tem prendido pessoas por questionarem a visão oficial da história.

As regras do Partido Comunista Chinês proíbem a posse e leitura de “livros e periódicos com questões políticas sérias” que vão contra a política do governo, prejudicam a unidade do partido, mancham a imagem do partido e do país ou insultam os líderes do partido e do governo.

Além disso, livros e artigos que distorcem a história do partido e dos militares também são proibidos, conforme estabelecido nos artigos 45 e 46 do “Regulamento de Ação Disciplinar do Partido Comunista Chinês”.

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