Ataque terrorista mata dois durante visita de diplomatas à Caxemira, na Índia

Visita de comitiva de diplomatas desencadeou onda de violência na região, disputada por Índia e Paquistão

A visita de 24 diplomatas estrangeiros à região disputada de Jammu e Caxemira, no norte da Índia, desencadeou uma onda de violência entre quarta (17) e sexta-feira (19). Ao menos dois policiais foram mortos após um ataque terrorista na área de alta segurança de Baghat.

Imagens veiculadas pela emissora India TV flagraram o momento em que um terrorista armado atira em dois policiais em um centro comercial. Os agentes chegaram a ser socorridos, mas morreram no hospital.

A TRF (Frente de Resistência), ligada à organização Lashkar-e-Taiba, assumiu a responsabilidade pelo ataque. Na quarta (17), terroristas já haviam alvejado o jovem hindu Akash Mahra, 22, filho do proprietário de um popular restaurante de Srinagar, maior cidade da região.

Terroristas matam policiais e deixam feridos durante visita diplomática à Caxemira
Câmeras de videomonitoramento flagraram o ataque contra dois policiais na região de Jammu e Caxemira, em 19 de fevereiro de 2021 (Foto: Reprodução/India TV)

Mahra está hospitalizado em estado grave. Em comunicado, a Força Muçulmana Janbaz, aliada a uma organização jihadista do Paquistão, afirmou que o ataque foi uma “retaliação contra estranhos” autorizados a se estabelecer na Caxemira, de maioria muçulmana e com forte atividade de grupos que se opõem à presença de hindus e cristãos na região.

“Vamos recompensar aqueles que realizaram com sucesso a tarefa atribuída. Preparem-se para mais ataques”, disse o grupo TRF, em registro do jornal “The Times of India”.

Além de Mahra, um joalheiro hindu que morava no território há 50 anos foi assassinado em janeiro por jihadistas da TRF e do Lashkar-e-Taiba, que assumiram a autoria do ataque.

Tensão após eleições

A mais recente onda de ataques contra estrangeiros e outros não-residentes está relacionada com a revogação da semiautonomia do território pelo primeiro-ministro indiano Narendra Modi, em agosto de 2019.

O governo, eleito sob forte apelo do nacionalismo hindu, aumentou o controle sobre o território, de maioria muçulmana. Houve apelo do Paquistão, que também reivindica a área, para a manutenção da autonomia.

Em novembro, houve a primeira eleição regional em Jammu e Caxemira desde o fim da autonomia. Os diplomatas estrangeiros foram à região na região para validar a lisura do pleito, realizado sob forte esquema de segurança.

A comitiva inclui funcionários das Nações Unidas, juristas, enviados da UE (União Europeia) e membros da Organização dos Países Islâmicos. Na primeira visita do grupo ao território, um mês antes da eleição, terroristas mataram cinco trabalhadores migrantes em Shopian, na Caxemira.

A demanda local pela independência da Índia ou unificação com o vizinho Paquistão é histórica, iniciada com a divisão do subcontinente indiano após a retirada dos britânicos, em 1947.

Desde a revogação do status semiautônomo, os nativos vivem sob constantes cortes nas redes de telefonia e internet, além de toques de recolher e ataques terroristas.

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino. Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos. Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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