Os planos do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, de transformar a Índia em “alternativa comercial” à China são dificultados pela burocracia e pela insegurança jurídica, que pautam o ambiente de negócios local.
A Índia é um dos países com quem se têm maior facilidade em fazer negócios, segundo dados do Banco Mundial. Já o cumprimento de contratos deixa a desejar: a nação fica atrás de Paquistão, Síria e Senegal.
A complexidade e os atrasos desnecessários colocam a burocracia indiana em uma posição mais baixa que a chinesa, considerada uma das mais rígidas do mundo.
Segundo o jornal “South China Morning Post“, de Hong Kong, o sistema judicial da Índia possui quase 40 milhões de processos pendentes.
Em 25 tribunais superiores estaduais, 173 mil aguardam desfecho há mais de 20 anos. Desses, mais da metade tem o governo como uma das partes envolvidas.
Com tantas dificuldades, o investidor estrangeiro busca paragens mais tranquilas para realizar aportes produtivos, de longo prazo.
“A Índia está competindo contra Singapura, Tailândia e outros países que são muito mais rápidos para resolver disputas“, diz Sauvik Ganguly, sócio-gerente de uma empresa de Mumbai.
Lentidão recorrente
Um caso emblemático foi o um falsificador de açafrão condenado a um mês de prisão e uma multa de 500 rúpias (R$ 36,65), em 1982. A ação terminou em fevereiro, após 38 anos.
A aquisição da cadeia indiana de hospitais Fortis Healthcare exemplifica o imbróglio burocrático indiano. A empresa de saúde malaia IHH Healthcare precisou de quatro anos de negociação para chegar a um acordo de US$ 500 milhões com os bilionários Malvinder e Shivinder Singh.