China diz que EUA e sua aliança Quad ameaçam a estabilidade regional no Indo-Pacífico

Washington e Tóquio enxergam Beijing como maior desafio no Indo-Pacífico e criticam suas ações no Mar da China Meridional

A China acusou Washington e seus aliados de ameaçar a paz e a estabilidade ao formar blocos e aumentar as tensões no Indo-Pacífico. A declaração veio após encontro dos principais diplomatas do Japão, EUA, Austrália e Índia, reunidos nesta segunda-feira (29) em Tóquio, e respectivas declarações dos ministros das Relações Exteriores do Quad, como é conhecido o Quadrilateral Security Dialogue (Diálogo de Segurança Quadrilateral, em tradução literal), que ressaltaram a necessidade de enfrentar Beijing. As informações são do South China Morning Post.

Na ocasião, as autoridades destacaram “a militarização de áreas disputadas e as manobras coercitivas e intimidatórias no Mar da China Meridional” como exemplos, mas evitaram mencionar Beijing diretamente em sua declaração conjunta.

Mesmo assim, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, reagiu às alegações, afirmando nesta segunda-feira (29) que Japão e EUA estavam comprometendo os interesses de segurança de outros países para promover uma ordem internacional baseada em regras.

Reunião entre membros do Quad (Foto: Secretary Antony Blinken/Reprodução X)

Lin disse que, apesar das alegações de promover a paz e uma ordem internacional baseada em regras, na verdade, estão criando blocos, formando grupos excludentes e fomentando confrontos, o que ameaça a paz e a estabilidade regional.

Ele também observou que os esforços dos dois países para aumentar a dissuasão nuclear e a dissuasão estendida, com o objetivo de desencorajar ataques a seus parceiros, apenas intensificariam as tensões regionais e os riscos de proliferação nuclear e conflito.

Esses comentários também vieram na esteira das negociações de segurança 2+2 (reuniões diplomáticas de alto nível entre os ministros das Relações Exteriores e os ministros da Defesa de dois países) realizadas no domingo em Tóquio, entre o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, o secretário de Defesa Lloyd Austin e seus colegas japoneses, a ministra das Relações Exteriores Yoko Kamikawa e o ministro da Defesa Minoru Kihara.

Após as negociações, os aliados do tratado chamaram a China de “maior desafio estratégico” na região Indo-Pacífico, criticando sua política externa por tentar remodelar a ordem internacional em benefício próprio e expressando preocupações sobre a expansão rápida de seu arsenal nuclear e a falta de transparência.

Sobre os confrontos entre embarcações chinesas e filipinas no Mar da China Meridional, os EUA e o Japão criticaram as “reivindicações marítimas ilegais, a militarização de áreas recuperadas e as ações ameaçadoras e provocativas” da China na região. Eles também expressaram preocupações sobre tentativas da China de bloquear reabastecimentos filipinos para o Second Thomas Shoal nas Ilhas Spratly.

Em resposta, Lin declarou que a China estava comprometida em defender sua soberania territorial e direitos marítimos, e que buscaria resolver as questões marítimas bilaterais por meio de diálogo e negociação com os países envolvidos.

Lin afirmou que países fora da região frequentemente enviam aeronaves e navios militares para o Mar da China Meridional para demonstrar poder e criar tensões, o que está provocando divisões e confrontos. Ele disse que a China se opõe a esses países que, sob o pretexto de “oposição à coerção”, na verdade, estão promovendo confrontos e preservando leis e práticas criadas por alguns poucos países.

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