China promete reagir com firmeza a qualquer expansão da Otan na Ásia

Beijing prometeu uma “resposta resoluta” caso o bloco militar liderado pelos EUA tente se aproximar de suas fronteiras

Beijing expressou seu descontentamento em relação a um comunicado emitido pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) que cita a China como um grande desafio aos interesses e à segurança da aliança. O documento foi divulgado durante a cúpula de dois dias realizada nesta semana em Vilnius, na Lituânia, que entre os temas debateu a ajuda à Ucrânia. As informações são da agência Al Jazeera.

Os líderes da Otan divulgaram uma declaração contundente afirmando que “a República Popular da China desafia os interesses, a segurança e os valores da aliança por meio de suas ambições declaradas e políticas coercitivas.”

No comunicado, que abordou 90 pontos distintos, os líderes da aliança afirmaram que Beijing utiliza “uma ampla gama de instrumentos políticos, econômicos e militares para expandir sua presença global e poder de influência.” No entanto, eles também ressaltaram que o gigante asiático mantém-se “opaco” no que diz respeito à sua estratégia, intenções e reforço militar.

O secretário-geral Jens Stoltenberg se reuniu com os líderes da Austrália, Japão, Nova Zelândia e Coreia do Sul durante a cúpula da Otan (Foto: Otan/Reprodução Facebook)

Os líderes da Otan destacaram as ações maliciosas da China no campo das operações híbridas e cibernéticas, assim como sua retórica confrontadora e disseminação de desinformação, que têm como alvo os países aliados e prejudicam a segurança da aliança.

A declaração ainda destaca o aprofundamento da parceria estratégica entre Beijing e Moscou, afirmando que os parceiros, que já declararam uma “aliança sem limites“, buscam minar a ordem internacional baseada em regras. Os líderes instaram a China a desempenhar um papel construtivo no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e condenaram a agressão russa na Ucrânia.

A missão chinesa na União Europeia (UE) rejeitou veementemente tais comentários na terça-feira (11), acusando a Otan de distorcer a posição da China e de tentar desacreditar o país de forma deliberada. “Nós nos opomos firmemente e rejeitamos isso”, disse Beijing em resposta.

O comunicado ainda expressou oposição ao “movimento em direção ao leste na região da Ásia-Pacífico” e fez um alerta claro: “Qualquer ação que coloque em risco os direitos e interesses legítimos da China será enfrentada com determinação.”

A mídia estatal chinesa também lançou críticas à Otan, com o tabloide Global Times publicando um editorial acusando o grupo de ser um instrumento de influência dos Estados Unidos e de ser a “fonte de conflito” em qualquer lugar que vá.

A declaração ocorre após autoridades chinesas expressarem preocupação em relação à abertura de um escritório de ligação da Otan no Japão, que seria a primeira instalação do bloco militar na Ásia. Embora Tóquio tenha considerado essa possibilidade, relatos indicam que a França rejeitou o projeto, argumentando que a aliança deveria limitar-se à região do Atlântico Norte.

Já a declaração divulgada pela Otan na terça-feira foi fundamentada no Conceito Estratégico anunciado pela organização no ano passado, marcando a primeira vez que a aliança abordou explicitamente os riscos associados às ambições e políticas da China. O documento ressaltou a importância da região da Ásia-Pacífico para a Otan, uma vez que os acontecimentos nessa área podem ter um impacto direto na segurança euro-atlântica.

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