Imagens de satélite revelam base militar aérea no sul da China sendo ampliada

A expansão permitiria operações de aeronaves maiores, como bombardeiros H-6 ou navios-tanque Y-20 e transportes, bem como forneceria defesa aérea para uma base naval próxima

A China está expandindo uma base militar aérea perto de uma importante base naval ao sul do país. Imagens de satélite feitas há dois meses mostram a adição de uma segunda pista de pouso e decolagem, pistas de taxiamento ampliadas e duas áreas de estacionamento de aeronaves amplamente expandidas. As informações são do jornal South China Morning Post.

O local, que anteriormente sediava a 6ª Brigada Aérea do Sul, fica no condado de Suixi, na província de Guangdong. A pista foi alongada para 3,5 mil metros, segundo mostram as imagens feitas em 18 de setembro pelo Planet Labs, uma empresa pública americana de imagens da Terra com sede na Califórnia. Perto dali, a 32 km a noroeste de Zhanjiang, fica uma importante base naval para Marinha do Exército de Libertação Popular (ELP).

Além da extensão da pista, agora há uma nova paralela à original, medindo 2.800 metros. Elas são orientadas aproximadamente na direção leste-oeste.

Foto de satélite mostra trabalho de ampliação da base (Imagem: Planet Labs/Reprodução Twitter)

As pistas de táxi também foram ampliadas em aproximadamente 34 metros, o que deve melhorar a capacidade da base de operar aeronaves de grande porte. Como parte da expansão, dois grandes pátios de estacionamento de aeronaves também foram construídos.

Outras construções suspeitas também são visíveis perto da base, com três aglomerados do que analistas creem ser instalações de armazenamento e manuseio de munições reforçadas.

De acordo com S. Mahmud Ali, especialista em segurança internacional do Instituto de Estudos da China da Universidade da Malásia, a proximidade geográfica da crescente base aérea de Suixi e da base naval de Zhanjiang sugere “ligações operacionais”.

“A base aérea deve oferecer cobertura aérea adicional às instalações navais além da defesa aérea orgânica de Zhanjiang”, disse Ali. “A predominância de caças na ordem de batalha da base sugere que as instalações são defensivas, ou seja, projetadas para proteger Zhanjiang e instalações de pontos-chave próximos”.

Ali acrescentou que, numa hipótese de conflito, Zhanjiang é uma região crítica a ser defendida. A região hospeda portos comerciais e navais de águas profundas que acomodam grandes navios que servem não apenas Guangdong, mas também as províncias de Hunan, Guangxi, Sichuan e Guizhou.

A expansão da base aérea – particularmente a expansão das áreas de estacionamento de aeronaves e a ampliação das pistas de táxi – permitiria a operação de aeronaves maiores, como bombardeiros H-6 ou aviões-tanque e transportes Y-20. 

Por que isso importa?

A vertiginosa modernização das forças armadas da China é motivo de preocupação no Ocidente. Beijing ostenta o segundo maior orçamento de Defesa do mundo, tendo investido US$ 293 milhões no setor em 2021, segundo o site Statista. Somente os EUA gastaram mais no ano passado, US$ 801 bilhões. Índia (US$ 76,6 bilhões), Reino Unido (US$ 68,4 bilhões) e Rússia (US$ 65,9 bilhões) aparecem a seguir.

A marinha chinesa tem dois porta-aviões ativos e 360 navios, no que supera inclusive os EUA, estes com 300 embarcações militares. Já o exército permanente chinês tem cerca de dois milhões de soldados, maior que o de qualquer outra nação. A Índia é a segunda maior força do tipo no mundo, com cerca de 1,4 milhão de tropas, contra 1,35 milhão dos EUA, de acordo com o site World Atlas.

arsenal nuclear da China também tem aumentado num ritmo muito maior que o imaginado anteriormente, levando a nação asiática a reduzir a desvantagem em relação aos Estados Unidos nessa área. Relatório recente do Pentágono sugere que Beijing pode atingir a marca de 700 ogivas nucleares ativas até 2027, tendo a meta de mil ogivas até 2030.

O investimento chinês levou a uma corrida armamentista na região da Ásia-Pacífico, onde os gastos com Defesa ultrapassaram US$ 1 trilhão somente em 2021, segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres. Beijing puxa esses números para cima, tendo aumentado seu orçamento militar por 27 anos consecutivos, de acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo.

Em artigo publicado no jornal South China Morning Post em janeiro deste ano, Mark J. Valencia, analista de política marítima, comentarista político e consultor internacionalmente reconhecido com foco na Ásia, fez uma previsão alarmante para a região.

“A China e os EUA estão flertando com um desastre no Mar da China Meridional. Eles estão se apalpando como pugilistas no primeiro assalto. Até agora, eles evitaram uma colisão frontal, mas esta pode ser apenas a calmaria antes da severa tempestade militar”, disse ele no texto.

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