Já há crimes de guerra em conflito de Armênia e Azerbaijão, alerta ONU

Em ataques mútuos, tropas armênias e azeris estariam atirando contra áreas povoadas; ação é crime de guerra, diz ONU

O uso de armamento pesado e ataques indiscriminados a civis constituem crime de guerra no conflito entre Armênia e Azerbaijão, alertou a alta comissária de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), a chilena Michelle Bachelet, na segunda (2).

De acordo com Bachelet, as tropas armênias e azeris teriam realizado ataques de artilharia contra áreas povoadas no sábado e domingo (1). Há registro de ataques mútuos na cidade azeri de Tartar e na autodeclarada capital de Nagorno-Karabakh, Stepanakert-Khankendi.

Alguns dos foguetes disparados teriam munições cluster – armas mortais compostas por diversas submunições explosivas lançadas sem um alvo específico. A ONU pediu a investigação das violações.

Os conflitos se intensificaram após o fracasso da terceira tentativa de cessar-fogo entre Armênia e Azerbaijão. Os dois países haviam concordado em encerrar as disputas em torno da região de Nagorno-Karabakh no dia 27, em Washington.

A região de Nagorno-Karabakh, povoada principalmente por armênios, declarou independência do Azerbaijão em meio a uma guerra entre 1988 e 1994. Desde 1994, porém, a região está sob controle das forças que o governo azeri, que diz incluir tropas fornecidas pela Armênia.

Conflito se acentua após 3ª tentativa de cessar-fogo entre Armênia e Azerbaijão
O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, em reunião com ministros azeris em agosto de 2020 (Foto: Presidência do Azerbaijão)

Adormecido até setembro, o conflito voltou à tona após o presidente azeri, Ilham Aliyev, levantar a possibilidade de uma nova guerra contra a Armênia e denunciar a paralisação das conversações de paz.

Nesta terça (3), Aliyev afirmou ao jornal italiano Azertac que está pronto para cessar-fogo e retirar as tropas do local. Até o momento, no entanto, não há qualquer ação concreta entre as partes.

Mortos e deslocados

O governo do Azerbaijão informou à ONU que cerca de 90 civis morreram nas áreas sob seu controle desde o final de setembro. Já o governo da Armênia relatou 45 mortes de civis na zona de conflito de Nagorno-Karabakh. Outras duas pessoas teriam morrido no território armênio.

Só na última quarta (28), a disputa entre os dois países resultou em 21 mortos e mais de 70 feridos na cidade azeri de Barda, a cerca de 30 quilômetros do núcleo do conflito.

O crescente número de deslocados também preocupa. Enquanto cerca de 40 mil pessoas teriam saído do Azerbaijão, outros 90 mil já deixaram a Armênia.

Tags: