Jimmy Lai é condenado por participar de vigília à luz de velas em Hong Kong

Tradicional evento, vetado pela China em 2020, é realizado anualmente em memória das vítimas do Massacre na Praça da Paz Celestial de 1989

O empresário e ativista honconguês Jimmy Lai foi condenado, nesta quinta-feira (9), pela participação em uma vigília à luz de velas realizada no ano passado, na Praça Vitória, em Hong Kong, em memória das vítimas do Massacre na Praça da Paz Celestial, ocorrido em 1989, na China. As informações são da rede Voice of America (VOA).

Lai, que se declarou inocente durante o julgamento, foi considerado culpado pela corte por ter incitado outras pessoas a participarem do evento. Além dele, outros dois ativistas foram condenados por acusações semelhantes. As sentenças do trio serão anunciadas posteriormente pela Justiça de Hong Kong.

As outras duas pessoas julgadas junto com Lai são Chow Hang-tung, vice-presidente do grupo agora extinto que organizava a vigília anualmente, e a ativista e ex-repórter Gwyneth Ho.

No total, 24 pessoas foram julgadas pela participação na vigília, sendo que a maioria se declarou culpada. Entre os acusados está o ativista Joshua Wong, que foi condenado a dez meses de prisão e já cumpria pena em virtude de acusações anteriores também relacionadas ao ativismo.

A vigília era um evento tradicional, realizado anualmente na Praça Vitória, sempre no dia 4 de junho. No ano passado, porém, o evento foi proibido pelo governo chinês sob alegações referentes à Covid-19, devido ao risco de contágio das pessoas em virtude da aglomeração. Ainda assim, um grupo decidiu realizar a vigília, o que levou à ação policial a aos consequentes processos criminais. A vigília também foi vetada neste ano.

O ativista pró-democracia de Hong Kong, Jimmy Lai, chega para julgamento sobre participação e liderança de protestos contra Beijing no território semi-autônomo, em dezembro de 2020 (Foto: Divulgação/Pakkin Leung)

Por que isso importa?

Após a transferência de Hong Kong do domínio britânico para o chinês, em 1997, o território passou a operar sob um sistema mais autônomo e diferente do restante da China. Ainda assim, a submissão a Beijing sempre foi muito forte, o que levou a protestos em massa a favor da independência e por democracia, em 2019.

A resposta de Beijing aos protestos veio através da “lei de segurança nacional“, que deu ao governo poder de reprimir a oposição. A normativa legal classifica e criminaliza qualquer tentativa de “intervir” nos assuntos locais como “subversão, secessão, terrorismo e conluio”. Infrações graves podem levar à prisão perpétua.

No final de julho de 2021, um ano após a implementação da legislação, foi anunciado o primeiro veredito de uma ação judicial baseada na nova normativa. Tong Ying-kit, um garçom de 24 anos, foi condenado a nove anos de prisão sob as acusações de praticar terrorismo e incitar a secessão.

O incidente que levou à condenação ocorreu em 1º de julho de 2020, o primeiro dia em que a lei vigorou. Tong dirigia uma motocicleta com uma bandeira preta na qual se lia “Liberte Hong Kong. Revolução dos Nossos Tempos”, slogan usado pelos ativistas antigoverno nas manifestações de 2019.

Tags: