Novo vídeo mostra que líder da Al-Qaeda, ex-braço direito de Bin Laden, está vivo

Ayman al-Zawahri aparece em uma gravação na qual comenta um caso ocorrido na Índia em fevereiro deste ano

Um vídeo divulgado na terça-feira (5), acessado e traduzido pelo SITE Intelligence Group, que monitora páginas de grupos jihadistas na internet, colocou fim às especulações sobre a morte de Ayman al-Zawahiri, atual líder da Al-Qaeda e ex-braço direito de Osama Bin Laden. Na gravação, ele mostra que ainda está vivo ao comentar o caso de uma indiana que, em fevereiro deste ano, desafiou a proibição de usar o hijab, o véu islâmico, em seu país. As informações são da agência Associated Press.

Em setembro do ano passado, outro vídeo havia levantado a possibilidade de que al-Zawahiri estivesse vivo, desmentindo os boatos anteriores de sua morte. Na ocasião, a gravação exaltava os dez anos dos ataques de 11 de setembro e citava uma ação contra forças de segurança russas ocorrida no dia 1º de janeiro de 2021, na Síria. Ou seja, ele estava vivo ao menos até o início do ano passado. Depois daquilo, porém, não houve mais vídeos tornados públicos.

Agora, com a referência direta ao episódio na Índia, as dúvidas acabam. O caso em tela ocorreu na cidade de Karnataka, na Índia, em fevereiro. Na ocasião, a estudante Muskan Khan desafio a proibição de usar as vestes islâmicas e gritou “Deus é grande” em meio a um grupo de estudantes hindus que zombavam dela por sua crença.

Imagem de 2001 de Osama bin Laden e Ayman al-Zawahiri (Foto: Hamid Mir/Creative Commons)

A prova de vida de al-Zawahiri pode virar um problema para o Taleban, devido às especulações de que ele esteja escondido no Afeganistão, mais precisamente nas províncias de Kunar e Badakhshan, no noroeste do país. Embora tenha firmado um acordo com os EUA, em 2020, de que contribuiria para o combate ao terrorismo, o grupo radical ainda é acusado de forte ligação com a Al-Qaeda.

Outra possível localização do líder terrorista é a cidade portuária de Karachi, no Paquistão, onde muitos talibãs fixaram residência durante a guerra que durou 20 anos no país.

“Havia até rumores de que ele havia morrido em Karachi”, diz Amir Rana, diretor executivo do think tank paquistanês Institute for Peace Studies (Instituto de Estudos para a Paz, em tradução literal), confirmando que o Taleban será questionado após a divulgação das imagens.

Por que isso importa?

Ayman al-Zawahiri é o atual líder da Al-Qaeda. Nascido em uma proeminente família egípcia, ele criou a Jihad Islâmica Egípcia e mais tarde a fundiu com a Al-Qaeda. Médico pessoal de Osama bin Laden e conselheiro do famoso terrorista até 2011, hoje está cercado de mistério.

Em 2020, boatos sobre a morte de al-Zawahiri circularam na internet, mas a informação não foi confirmada pela Al-Qaeda. Em 2021, diversos indícios apontaram no sentido oposto, dando a entender que o extremista ainda estivesse vivo, embora não fosse possível afirmar isso categoricamente.

Em novembro do ano passado, um vídeo publicado pelo canal de mídia oficial da Al-Qaeda reforçou os indícios de que o principal líder da organização não morreu. Na gravação, o jihadista criticava a ONU (Organização das Nações Unidas) pelo tratamento dispensado aos muçulmanos e às nações islâmicas.

Relatório do Conselho de Segurança da ONU, publicado em fevereiro de 2022, reforçava a ideia de que ele estivesse vivo ao menos até em janeiro de 2021. Mas fazia um adendo: “os Estados-Membros continuam a acreditar que está com problemas de saúde”. Agora, as imagens mais recentes do terrorista, comentando um episódio ocorrido na Índia no início deste ano, descarta definitivamente a hipótese de que tenha morrido antes disso.

O Departamento de Estado dos EUA oferece uma recompensa de US$ 25 milhões por informações sobre al-Zawahiri, acusado de planejar o atentado contra o contratorpedeiro USS Cole, da marinha dos EUA, no Iêmen, que matou 17 marinheiros em outubro de 2000. Foi acusado também de coordenar os atentados a bomba nas embaixadas dos EUA no Quênia e na Tanzânia, que mataram 224 pessoas em 1998. Acredita-se que tenha ajudado a coordenar os ataques de 11 de setembro.

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