Taiwan diz que melhorou habilidades de combate graças aos exercícios militares da China

Ilha confirmou mais dois dias de exercícios de suas forças armadas, com helicópteros de ataque, caças, artilharia e drones em ação

A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, declarou nesta terça-feira (6) que os exercícios militares realizados pela China nas últimas semanas ajudaram a ilha semiautônoma a melhorar o desempenho de suas forças armadas, com vistas a uma eventual agressão do vizinho. As informações são da agência Reuters.

“Diante dos desafios, nossos militares nacionais responderam com calma às intenções de invasão do inimigo e defenderam tenazmente a segurança do país”, disse a líder nacional, de acordo com o gabinete presidencial.

Mesmo com os elogios às forças armadas, Tsai, em discurso na base aérea de Hualien, na costa leste da ilha, disse que a situação em torno do Estreito de Taiwan continua tensa e que a ameaça não desapareceu, por isso manterá os treinamentos militares de suas tropas.

“Acredito que, após este período de missões de prontidão de combate, as habilidades de combate de nossos militares nacionais estão mais maduras e seu poder de combate é mais poderoso”, declarou ela.

Na próxima terça-feira (13), as forças armadas vão realizar dois dias de exercícios em Hengchun, no extremo sul da ilha. Helicópteros de ataque Apache, caças Ching-kuo, artilharia e drones farão parte dos exercícios.

Exercício militar de Taiwan realizado em junho de 2020 (Foto: Wkimedia Commons)
Por que isso importa?

Taiwan é uma questão territorial sensível para a China. Nações estrangeiras que tratem a ilha como nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio “Uma Só China“, que também encara Hong Kong como parte do território chinês.

Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos demais países, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal fornecedor de armas do território. Tais circunstâncias levaram as relações entre Beijing e Washington a seu pior momento desde 1979, quando os dois países reataram os laços diplomáticos.

A China, em resposta, endureceu a retórica e tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação. Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que Beijing não aceitará a independência formal do território “sem uma guerra“.

A crise ganhou contornos ainda mais dramáticos após a visita de Pelosi, primeiro membro da Câmara a viajar para Taiwan em 25 anos, uma atitude que mexeu com os brio de Beijing. Em resposta, o exército da China realizou um de seus maiores exercícios militares no entorno da ilha, com tiros reais e testes de mísseis em seis áreas diferentes.

O treinamento serve como um bloqueio eficaz, impedindo tanto o transporte marítimo quanto a aviação no entorno da ilha. Assim, voos comerciais tiveram que ser cancelados, e embarcações foram impedidas de navegar por conta da presença militar chinesa.

Beijing, que falou em impor “sérias consequências” como retaliação à visita, também sancionou Taiwan com a proibição das exportações de areia, material usado na indústria de semicondutores e crucial na fabricação de chips, e a importação de alimentos, entre eles peixes e frutas. Quatro empresas taiwanesas rotuladas por Beijing como “obstinadas pró-independência” também foram sancionadas.

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