Taiwan protesta contra universidade suíça que lista a ilha como parte da China

Intercâmbio destinado a pesquisadores da Suíça e da China inclui Hong Kong e Taiwan, que envolvem questões espinhosas

Após a divulgação de um plano bilateral de cooperação educacional entre Suíça a China, o Ministério das Relações Exteriores de Taiwan (Mofa, da sigla em inglês) exigiu nesta terça-feira (11) que o Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurique) remova o território semiautônomo de sua lista de cobertura, alegando independência m relação a Beijing. As informações são do jornal Taiwan News.

O órgão governamental taiwanês solicitou ao seu escritório de representação na Suíça que diga à instituição de ensino para que seja “mais vigilante” em relação ao que considera uma “armadilha chinesa para prejudicar a posição internacional de Taiwan”.

Instituição suíça é tida com uma das melhores universidades do mundo nas áreas de engenharia e tecnologia (Foto: WikiComons)

O incidente se originou em um documento publicado neste mês pelo ETH Zurique, onde consta a divulgação de um plano de intercâmbio destinado a pesquisadores da Suíça e da China, incluindo Hong Kong e Taiwan – territórios que envolvem questões espinhosas de domínio. Na seção de perguntas frequentes disponibilizadas no site do programa, a escola menciona que a Leading House Asia “cobre a China”, inclusive a antiga colônia britânica e a nação insular da costa sudeste.

A porta-voz do Mofa, Joanne Ou, disse nesta terça que “a China não deve promover objetivos políticos sob o pretexto de intercâmbios acadêmicos”. O programa de intercâmbio exige que todos os candidatos enviem seus dados ao Ministério da Educação chinês.

Ela ressaltou à comunidade internacional que “intensifique a vigilância” e resista às tentativas de Beijing de distorcer as buscas de bolsa de estudos imparciais, incluindo seus objetivos políticos. Segundo Joanne Ou, “houve muitos exemplos da China usando sua influência para forçar publicações acadêmicas a rotularem incorretamente Taiwan”.

Por que isso importa?

Taiwan é uma questão territorial sensível para os chineses. Relações exteriores que tratem o território como uma nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio defendido de “Uma Só China“, que também encara Hong Kong como parte do território chinês. Diante da aproximação do governo taiwanês com os Estados Unidos, desde 2020 a China tem endurecido a retórica contra as reivindicações de independência da ilha.

Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos países do mundo, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal fornecedor de armas da ilha, o que causa imenso desgosto a Beijing, que tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação.

Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que a China não aceitará a independência do território “sem uma guerra“.

embate, porém, pode não terminar em confronto militar, e sim em um bloqueio total da ilha. É o que apontaram relatórios produzidos pelos EUA e por Taiwan em junho de 2021. O documento taiwanês pontua que Beijing não teria capacidade de lançar uma invasão em grande escala. Segundo o Pentágono, isso “provavelmente sobrecarregaria as forças armadas chinesas”.

Caso ocorresse, a escalada militar criaria um “risco político e militar significativo” para Beijing. Ainda assim, ambos os relatórios reconhecem que a China é capaz de bloquear Taiwan com cortes dos tráfegos aéreo e naval e das redes de informação. O bloqueio sufocaria a ilha, criando uma reação internacional semelhante àquela que seria causada por uma eventual ação militar.

Em artigo publicado em novembro, Michael Beckley e Hal Brands alertaram que o tempo está se esgotando para frear o ímpeto belicista chinês. “Os sinais de alerta históricos da China já estão piscando em vermelho. Na verdade, ter uma visão de longo prazo de por que e sob quais circunstâncias a China luta é a chave para entender o quão curto o tempo se tornou para os Estados Unidos e os outros países no caminho de Beijing”.

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