Taiwan amplia treinamento militar dos reservistas em meio à tensão com a China

Ministério da Defesa anunciou que treinamento das tropas de reserva em 2022 terá o dobro de duração nos exercícios de combate e tiro

Em alerta devido às movimentações militares chinesas perto da ilha, o Ministério da Defesa de Taiwan anunciou nesta terça-feira (2) que irá reforçar o treinamento das tropas de reserva em 2022, devendo dobrar a duração de exercícios de combate e tiro. As informações são da agência Reuters.

Em meio a um cenário turbulento com a China, tido como o pior dos últimos 40 anos, os taiwaneses não escondem a apreensão com as crescentes incursões em massa de Beijing na sua zona de defesa aérea, que têm o claro objetivo de impor seu domínio político sobre a ilha. O ministro da Defesa, Chiu Kuo-cheng, inclusive pediu gastos militares extras com os sistemas de defesa.

O reforço, que visa ao aperfeiçoamento das habilidades dos soldados para o próximo ano, irá aumentar em 14 dias o treinamento de atualização obrigatório para algumas forças da reserva. Atualmente, a mesma capacitação dura uma semana. A meta é “efetivamente elevar a capacidade de combate das forças da reserva”, disse a pasta em comunicado.

Treinamento de combate das forças taiwanesas (Foto: Maxpixel/Divulgação)

Os reservistas irão encarar um plano rigoroso de treinamento, onde terão que dobrar a quantidade de disparos nos exercícios de tiro. Já as práticas e simulações de combate terão 56 horas a mais. Cerca de 13% dos 110 mil soldados da reserva serão capacitados pelo novo programa. Há possibilidade de ampliação do projeto.

Taiwan está em meio a uma transformação gradual de uma força militar alistada para uma força profissional dominada por voluntários, mudança que tem sido problemática. Alguns reservistas reclamam de perder tempo com exercícios classificados como “inúteis” e palestras durante o retreinamento.

Embora não tenha qualquer controle formal sobre a ilha, que é uma área semiautônoma, Beijing deixou claro que não aceitará a independência do território “sem uma guerra”. Do outro lado, a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, disse que a ilha “não se curvará” à China e continuará a defender sua democracia.

Por que isso importa?

Taiwan é uma questão territorial sensível para os chineses. Relações exteriores que tratem o território como uma nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio defendido de “Uma Só China“, que também encara Hong Kong como território chinês.

Diante da aproximação do governo taiwanês com os Estados Unidos, a China endureceu sua retórica contra as reivindicações de independência da ilha autônoma no ano passado.

Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos países do mundo, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal fornecedor de armas da ilha, o que causa imenso desgosto a Beijing, que tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação.

Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan, e agora habitualmente invadem o espaço aéreo da ilha, deixando claro que a China não aceitará a independência do território “sem uma guerra”.

embate, porém, pode não terminar em confronto militar, e sim em um bloqueio total da ilha. É o que apontaram relatórios produzidos pelos EUA e por Taiwan em junho, de acordo com o site norte-americano Business Insider.

O documento, lançado pelo governo taiwanês no ano passado, pontua que Beijing não teria capacidade de lançar uma invasão em grande escala contra a ilha. “Uma invasão provavelmente sobrecarregaria as forças armadas chinesas”, concordou o relatório do Pentágono.

Caso ocorresse, a escalada militar criaria um “risco político e militar significativo” para Beijing. Ainda assim, ambos os documentos reconhecem que a China é capaz de bloquear Taiwan com cortes dos tráfegos aéreo e naval e das redes de informação. O bloqueio sufocaria a ilha, criando uma reação internacional semelhante àquela que seria causada por uma eventual ação militar.

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