Técnico da seleção de futebol da China pede desculpas depois de derrota ‘inaceitável’

Os maus resultados já levaram a críticas até do presidente Xi Jinping, que há cinco anos cobrou reformas no futebol do país

O técnico da seleção de futebol da China, Li Xiaopeng, pediu desculpas aos cidadãos chineses depois da derrota de sua equipe por 3 a 1 para a seleção do Vietnã, na última terça-feira (1º), pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022. As duas equipes já estão eliminadas da briga por vaga para o torneio mundial, que será disputado no Catar entre 21 de novembro e 18 de dezembro.

“Peço desculpas a todos os nossos torcedores e também aos jogadores”, disse Li, de acordo com a rede Radio Free Asia. “A principal razão para esta derrota foi um problema com a estratégia de jogo que datava de antes da partida e que não pôde ser corrigido na preleção”.

Seleção chinesa treina para jogo das Eliminatórias da Copa, em 2018 (Foto: Wikimedia Commons)

O resultado deu à equipe vietnamita seus primeiros três pontos na fase final das Eliminatórias asiáticas. Antes desse jogo, o Vietnã havia perdido todo os outros sete disputados, tendo sofrido 16 gols e marcado apenas quatro.

“Os jogadores deram o seu melhor, mas podem ter ficado muito nervosos devido ao excesso de motivação”, disse Li, antes de atestar que “o placar foi inaceitável.”

O pedido de desculpas foi feito através da rede social Weibo, uma versão chinesa do Twitter. Por lá, a reação dos chineses ao resultado foi a pior possível, com críticas se acumulando contra o treinador e os atletas.

Os torcedores vietnamitas, ao contrário, aproveitaram o resultado para ironizar o rival nas redes sociais.

“Não temos certeza se podemos vencer mais alguém, mas essa vitória sobre nosso ‘amigo de ouro‘ é hilária”, disse um torcedor no Facebook, referindo-se a um termo usado pela mídia estatal chinesa para descrever seu relacionamento com o Vietnã.

O técnico de futebol de Hong Kong, Chan Yuk Chi, entrou no debate e concordou com as críticas. “Certamente não falta talento na China quando se trata de futebol. O problema é a falta de uma abordagem organizada”, disse ele. “Mesmo um país pouco povoado como a Islândia pode ter uma seleção nacional”.

Chan traçou um paralelo entre o futebol, no qual a China ainda engatinha, e as demais modalidades olímpicas, na qual é uma superpotência. “No futebol, você precisa de tática e trabalho em equipe”, afirmou, sugerindo que os chineses rendem mais em modalidades individuais.

Os maus resultados da seleção chinesa, que disputou sua única Copa do Mundo em 2002, já haviam gerado críticas até do presidente Xi Jinping, que há cinco anos cobrou reformas no futebol do país.

O governo chinês, que comanda o país com mão de ferro, tem influência consideravelmente menor no futebol. Isso porque a Fifa, órgão que regulamenta a modalidade, não tolera interferência política nas entidades gestoras do futebol, como federações e confederações. Casos do gênero costumam ser punidos com suspensão de competições internacionais e até expulsão da entidade.

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