Universidades dos EUA dizem adeus a centros culturais financiados pela China

Parlamentares suspeitam que Instituto Confúcio seja usados por Beijing para difundir as ideias do Partido Comunista Chinês

Em meio ao acirramento da rivalidade entre Estados Unidos e China, a maioria dos Institutos Confúcio em território norte-americano encerrou suas atividades, relatou o Gabinete de Prestação de Contas do Governo (GAO, da sigla em inglês). De um total de 100, agora só restam cinco, As informações são da revista Newsweek.

Nos últimos anos, desde a era Trump, essas instituições, voltadas ao ensino da língua chinesa a um custo acessível, vinham sendo cada vez mais observadas de perto pelas autoridades locais, à medida que as divergências entre Washington e Beijing foram se agravando em diversas pautas, entre elas incidentes diplomáticos, comércio, direitos humanos e a situação em Hong Kong envolvendo manifestantes pró-democracia.

Havia preocupações de que esses centros poderiam ser utilizados para promover a ideologia do Partido Comunista Chinês (PCC) em ambientes acadêmicos. Nesse contexto, o Congresso limitou o financiamento federal de instituições de ensino superior que mantinham Institutos Confúcio, enquanto o Departamento de Estado classificou sua sede como uma “missão governamental estrangeira da China”.

Vista do prédio do Instituto Confucius no campus da Troy University, nos EUA (Foto: WikiCommons)

Os Institutos Confúcio são financiados e administrados pelo governo chinês. Eles foram instalados nos EUA em 2004 com o objetivo de servirem como centros culturais e de idiomas em nações estrangeiras para incluir e divulgar o estudo e a apreciação da cultura, artes e herança chinesas. 

Até 2019, existiam 96 institutos distribuídos por 44 estados, com apenas seis estados que não tinham faculdades ou universidades que abrigassem esses centros. As aulas eram ministradas por professores das universidades anfitriãs, contando com o apoio de educadores de instituições parceiras chinesas, observou o GAO em relatório.

Em uma declaração feita em julho, o senador republicano pela Flórida, Marco Rubio, afirmou que “os Institutos Confúcio, controlados por Beijing”, estavam “propagando a ideologia do PCC nos campi universitários dos EUA”, e que “não havia justificativa para o Departamento de Defesa apoiar esses centro”, disse.

Na época, ele anunciou um projeto de lei que tinha como objetivo restringir o financiamento do Departamento de Defesa para instituições de ensino que mantinham parcerias com esses centros de idiomas.

Ressurgimento

Outro parlamentar, o democrata Seth Moulton, representante do estado de Massachusetts, manifestou inquietação diante de informações que sugerem que esses institutos estariam retomando suas atividades sob novas denominações, segundo repercutiu a Bloomberg. Ele ressaltou que o fato desses espaços estarem sendo descontinuados não significa que o PCC tenha desistido de seus esforços para espalhar influência dentro do ensino superior nos Estados Unidos.

Na visão de Moulton, o PCC intensificou seus esforços para roubar pesquisas norte-americanas e coagir vozes críticas para que sigam a ideologia comunista.

“Seja qual for o nome, as universidades dos EUA precisam adotar reformas estruturais que garantam que o PCC não consiga se infiltrar, influenciar e minar o ensino superior americano”, disse.

Tags: