Vídeo que viralizou mostra cidadão iraniano agredido e baleado por policiais

Episódio ocorreu em meio à onda de protestos populares que se sucedeu à morte de uma jovem alvo de repressão policial

Um vídeo que circulou nos últimos dias nas redes sociais mostra o que seria um cidadão iraniano sendo duramente agredido por policiais em meio às manifestações populares que tomaram as ruas do país desde setembro. As informações são da rede BBC.

As imagens mostram uma dezenas de agentes de segurança chutando e usando cassetetes para bater no homem. Ele também é atropelado por uma motocicleta, e no final um agente de polícia faz um disparo que aparenta ser de munição real. Não há informações sobre o que ocorreu com a vítima, nem quanto à sua identidade.

O episódio gerou uma manifestação da ONG Anistia Internacional. “Em meio a uma crise de impunidade, eles têm liberdade para espancar e atirar brutalmente em manifestantes. O Conselho de Direitos Humanos da ONU deve investigar urgentemente esses crimes”, disse a entidade.

Segundo a agência estatal Tasnim, o governo emitiu uma ordem para “investigar a hora e o local exatos do incidente e identificar os infratores”. Em comunicado, a polícia afirmou que “não aprova tratamento duro e não convencional. Os policiais infratores certamente serão tratados de acordo com a lei”.

Canadenses protestam em Ottawa contra a repressão no Irã (Foto: Wikimedia Commons)
Por que isso importa?

Os protestos populares tomaram as ruas do Irã após a morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que visitava Teerã, capital do país, quando foi abordada pela “polícia da moralidade” por não usar “corretamente” o hijab, o véu obrigatório para as mulheres. Sob custódia, ela desmaiou, entrou em coma e morreu três dias depois.

Os protestos começaram no Curdistão, província onde vivia Mahsa, e depois se espalharam por todo o país, com gritos de “morte ao ditador” e pedidos pelo fim da república islâmica. As forças de segurança iranianas passaram a reprimir as manifestações de forma violenta, com relatos de dezenas de mortes.

No início de outubro, a ONG Human Rights Watch (HRW) publicou um relatório que classifica o regime iraniano como “corrupto e autocrático”, denunciando uma série de abusos cometidos pelas forças de segurança na repressão aos protestos populares.

De acordo com a ONG, em ao menos 13 cidades do Irã foram registrados casos de uso de força excessiva ou letal. O relatório cita vídeos divulgados na internet que mostram agentes estatais usando rifles, espingardas e revólveres indiscriminadamente contra a multidão, “matando e ferindo centenas”.

Além dos mortos e feridos, a ONG destaca os casos de “centenas de ativistas, jornalistas e defensores de direitos humanos” que, mesmo de fora dos protestos, acabaram presos pelas autoridades. E cita também o corte dos serviços de internet, com plataformas de mídia social bloqueadas em todo o país desde o dia 21 de setembro, por ordem do Conselho de Segurança Nacional do Irã.

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