Sem Palestina, Israel começa campanha de vacinação da Covid-19

Tel Aviv já encomendou 8 milhões de vacinas à Pfizer e negocia mais 6 milhões; palestinos aguardam doses da Covax

Enquanto o governo de Israel se prepara para começar a campanha de vacinação à Covid-19, na próxima semana, a Palestina deve demorar para receber as doses. As informações são da Associated Press.

Tel Aviv já acordou com a farmacêutica Pfizer a compra de oito milhões de doses da imunização recém-aprovada. O montante deve cobrir metade da população do país, de nove milhões de habitantes. Cada pessoa requer duas doses.

Além dos recursos para a compra dos medicamentos, Israel tem unidades móveis de vacinação com refrigeradores capazes por manter as doses nos essenciais -70ºC. Com a estrutura, o governo estima vacinar mais de 60 mil pessoas por dia.

Israel exclui Palestina da campanha de vacinação à Covid-19
Unidade de saúde de Israel, em Tel Aviv, março de 2020 (Foto: WikiCommon)

No início do mês, Tel Aviv também chegou a um acordo com a farmacêutica Moderna, de quem deve adquirir mais seis milhões de doses – o suficiente para outros três milhões de israelenses.

A campanha incluirá judeus que vivem na zona rural da Cisjordânia, mas não os 2,5 milhões de palestinos do território. Pelo contrário, os cidadãos da Palestina terão de esperar a Covax, iniciativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) para levar as doses aos países pobres.

O programa garantiu pouco mais da metade das dois bilhões de doses idealizadas para distribuição. Enquanto isso, os países ricos já reservaram nove bilhões das 12 bilhões de doses estimadas pelo mercado para o próximo ano.

Calamidade na Palestina

A estrutura para a conservação das vacinas também não é a ideal. A Autoridade Palestina possui apenas uma unidade de refrigeração capaz de armazenar as doses da Pfizer, na cidade de Jericó.

As lideranças locais esperam imunizar 20% da população por meio do Covax, a começar pelos profissionais da saúde, disse o primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh. Ainda assim, não há previsão para a chegada das doses.

“A entrega de quantidades suficientes da vacina para imunizar todos não ocorrerá antes de alguns meses”, disse em coletiva de imprensa nesta quinta (17).

O premiê disse ainda que o Estado palestino negocia com a Pfizer, Moderna e AstraZeneca, mas que não há qualquer acordo assinado além da Covax. Assim, a perspectiva é que o lado palestino veja seus números – já altos – de Covid-19 subirem nas próximas semanas.

A região vive um surto de mais de 85 mil casos e 800 mortes na Cisjordânia. Na Faixa de Gaza, onde vivem dois milhões de palestinos, a situação é mais preocupante. Sob bloqueio israelense e egípcio desde que o Hamas tomou o poder, em 2007, há mais de 30 mil casos.

Em entrevista, o vice-ministro da Saúde israelense, Yoav Kisch, afirmou que Israel trabalha para obter mais doses. “Se a demanda de Israel for atendida e tivermos capacidade adicional, certamente consideraremos ajudar a Autoridade Palestina”.

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