Trocas de ministro da Saúde caracterizaram ano da pandemia na América Latina

Peru lidera mudanças, com seis novos ministros da Saúde desde março de 2020; Brasil e Peru tiveram quatro nomeados

Desde o início da pandemia, em março do ano passado, 43 pessoas foram nomeadas como ministros da Saúde nos 20 governos da América Latina. Os dados foram apurados pelo Giro Latino.

A troca oficial mais recente é a de Rodolfo Farfán, que permaneceu à frente do Ministério da Saúde do Equador por apenas três semanas. Ele deixa o posto em meio a denúncias de fura fila na vacinação – o mesmo motivo que afastou seu antecessor, Juan Carlos Zevallos, no final de fevereiro.

Junto do Equador, o Brasil está entre os países que mais trocaram de ministros da Saúde no último ano. O mais cotado a ocupar o lugar de Eduardo Pazuello, que deixou o cargo ao alegar “problemas de saúde”, é o cardiologista Marcelo Queiroga – o quarto desde março de 2020. A postulação, contudo, ainda não foi oficializada.

Governos latinos tiveram 43 ministros da Saúde nomeados em um ano
Profissionais vacinam população contra a Covid-19 na capital do estado brasileiro do Amazonas, Manaus, em fevereiro de 2021 (Foto: FMI/Raphael Alves)

O número de trocas coincide com a instabilidade dos governos. O Peru, por exemplo, chegou a ter três presidentes em uma semana em novembro passado. A cada queda, um novo ministro ocupou a pasta. Ao longo de 2020, Lima empossou seis ministros.

Abel Salinas foi o que permaneceu menos tempo no cargo – apenas cinco dias, durante a presidência-relâmpago de Manuel Merino. Já a Bolívia está no quinto ministro – três diferentes com Jeanine Áñez e dois após a posse de Luis Arce, em novembro.

Escândalos de fura-fila, compras superfaturadas, acusações de manipulação dos números da Covid-19 e colapso hospitalar motivaram a saída dos ministros da Argentina, Bolívia, Chile e Paraguai, respectivamente.

As trocas, porém, não sinalizam uma melhora no atendimento em meio à pandemia. Na América Central, por exemplo, países em colapso pela pandemia, como o México e o Haiti, não mexeram nos encarregados da Saúde.

Já Uruguai e Cuba, exemplos positivos no cômputo geral apesar do salto de casos nas últimas semanas, não trocaram as autoridades de Saúde do governo nenhuma vez. Outros países, como El Salvador, optaram por um nome com “mais experiência” para encarar a crise sanitária global. O governo de Nayib Bukele trocou o seu ministro da Saúde ainda em março de 2020.

Covid-19 na América Latina

A instabilidade no poder da América Latina reflete a tragédia humanitária do continente ensejada pela Covid-19. Com pouco ou nenhum acesso às vacinas e altos índices de subnotificação, a região já soma 23,6 milhões de infecções pelo novo coronavírus e 743 mil mortes. Uma em cada sete novas notificações do mundo é brasileira, aponta a Reuters.

O país também relata o maior número de mortes por dia, com uma média crescente de 2,2 mil. Enquanto isso, o número médio de novos contágios aumenta há 12 dias consecutivos na Colômbia, que ainda não atingiu nem metade do pico do surto.

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